Ninguém escreve ao Coronel

O editorial do jornal O Estado de São Paulo, com ataque tão baixo nível ao ex-presidente Lula, tentando destruir a biografia dele, me fez imaginar a sede do jornal como um casarão de paredes carcomidas, tomadas por musgo, portas e janelas desbotadas, cortinas esfarrapadas, e nela uns velhinhos enredados no passado, com um discurso fora do contexto.

Lembra a obra de Garcia Marquez, “Ninguém Escreve ao Coronel”, na qual o Coronel, um dos muitos oficiais da revolução, passa anos esperando a chegada de uma carta que lhe concederia uma pensão, enquanto vive com a família na extrema pobreza, se endividando. A mulher dele adoece, o filho morre e lhe deixa um galo de briga como meio para ganhar uns trocados, pagar dívidas e conseguir alimento para a família.

Pobre Estadão! Afunda dia após dia no atraso, no conservadorismo rabugento. Não admite que o Brasil mudou, que avançamos na cidadania, na conquista de direitos, da democracia, que a sociedade não permite mais retrocessos, e que muitos países do mundo sonham ter um Lula para liderar movimentos de transformação do país como ele fez com o Brasil ao reduzir a pobreza, a desigualdade e promover a inclusão social.

Nem o Estadão, nem a imprensa oligárquica, nunca aceitaram Lula como um grande líder nacional e muito menos como líder mundial, mesmo tendo sido eleito e reeleito com extraordinária votação, feito Dilma sua sucessora, eleita e reeleita, e consagrado pela opinião pública como o melhor presidente do Brasil.

Dizer que Lula enganou o Brasil e o mundo, como diz o pretensioso editorial, é achar que dezenas e dezenas de milhões de pessoas de todas as classes sociais, que votaram nele, são idiotas. Talvez mais idiotas ainda os grandes líderes mundiais que o reconhecem, e comunidades acadêmicas que concederam a ele tantos títulos de Doutor Honoris Causa.

Ninguém, no Brasil, foi agraciado com tantos títulos de Doutor Honoris Causa, das mais importantes universidades do mundo quanto Lula, como reconhecimento por tudo que ele fez pela melhoria da vida de milhões de pessoas, pela democracia, pela cidadania, pelos direitos humanos, pelo desenvolvimento do país e pela paz entre os povos. Isso é reconhecido internacionalmente pelas mais importantes instituições do mundo, entre elas a ONU.

No entanto, talvez nenhum ex-presidente da República Federativa do Brasil tenha sido tão desrespeitado, humilhado, achincalhado e injustiçado quanto Lula por certas autoridades e pela mídia senhorial. As razões de tudo isso se sabe muito bem, vêm de raízes profundas, varando séculos, desde os tempos coloniais. Como assim, ser governado por um operário sem diploma de curso superior?

Impossível olhar o Brasil nesse momento e não ver na paisagem política os conflitos ancestrais emergindo da história, desenhando a crise que solapa as instituições da República.

Editoriais como o do Estadão soam como estertores de oligarquias que tentam a qualquer custo sobreviver nos casarões carcomidos. O Estadão parece não perceber que o jornal afunda no atraso, em editoriais e dívidas, como galo de briga do Coronel, na defesa das oligarquias decadentes, como na obra de Garcia Marquez.

Não tem galo de briga para arranjar uns trocados, porque não há rinhas, e muito menos chegará uma carta que conceda uma pensão aos donos do jornal pelos serviços prestados no passado e no presente.

Não tem carta, tem Mídia Ninja com 90 milhões de acessos, superando todos os jornais e revistas do Brasil; o Brasil247, com 28 milhões, ultrapassando Istoé, Época, Correio Braziliense, Estado de Minas, e outros; Jornalistas Livres, Diário do Centro do Mundo, GGN, O Cafezinho, Viomundo, formando uma enorme rede de comunicação dos tempos modernos, com muita força e uma narrativa dos fatos comprometida com a cidadania e com a democracia, diferente da velha mídia da Casa Grande, que sempre apoiou golpes e regimes autoritários.
Pobre Estadão!

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