Lido com ela como quem lida com flores.

Ela é fofinha, macia, tem braços e colo de algodão.

Gosta de silêncio, de bocejos, de sombra e água fresca, de olhar nuvens no céu azul com olhos à meia pálpebra.

Lido com ela como quem lida com flores, com todo cuidado para não amassar as pétalas, não lhe causar nenhum desassossego.

Tenho muito respeito por ela, por todos os momentos de harmonia que me proporciona.

Durante os longos anos de convivência, não tive sequer um tico de nada a reclamar.

A única preocupação que me causa é quando ela não vem. Mas, de repente, como quem não quer nada, ela aparece, me envolve numa madorna.

No enrosco, abraçados no conforto do nosso ninho de nuvens de algodão, com nossos bocejos, somos uma ilha de prazer em meio à gente aflita, que vive nesse ritmo do tempo das máquinas.

Minha preguiça, companheira de todas as horas, é minha paz, minha felicidade. Meu casamento perfeito, sem igreja e sem cartório. Meu amor incondicional. A gente se ama e ponto.

(*) Pensamos até em fundar o Partido dos Não Trabalhadores. Mas dá muito trabalho. Desistimos.

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