As mina da beirada da piscina

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Atraído pela íris do olhar felino de uma delas, entrei para a roda de risos fáceis e prosas emendadas. Arriei minha mochila e encostei. Onde tem mimos, abraços e beijos fartos, viro gato de pensão, enrosco, só largo quando troveja.

Na roda, sou tratado como um paxá. Olha, trouxe uma pamonha pra nós. Quer um pedacinho? Vai um gole de café? Hoje eu trouxe cuscuz, quer? Granola, tapioca, bolo, pão de queijo, maçã cortada, tangerina, manga, é tanta coisa que parece um setor de engorda da Água Mineral. Mas ninguém engorda.

Acostumei-me tanto que o dia que chego para nadar e não tropeço no pé de uma cadeira de alumínio no meio do caminho, na beira da piscina, o céu não acende a luz.

Mas quando chego, atravesso  o portal dos quadros de avisos, aquele do lado do bebedouro, olho à esquerda, por entre as folhas das palmeirinhas, vejo as cadeiras coloridas, enfileiradas, quase fechando a passagem de quem vai para a fonte pegar água, e elas sentadinhas de olhos fechados tomando o primeiro sol da manhã, digo pra mim mesmo: um pedaço da minha felicidade de hoje está  garantido.

São tão doces que tem hora que ao redor delas parece um formigueiro, de tanta gente dando uma bicada no lanche, tomando um gole de café, fazendo uma graça, contando uma piada, jogando um galanteio, alguns até repetem piada. A vibração delas é tão forte que raramente alguém passa sem abanar a mão, sem dizer: oi, bom dia!

Aquele cantinho parece um tear onde se tece a felicidade. Depois a gente a veste e sai por aí pelos dias da vida.

Salve as mina da beirada da piscina da Água Mineral!

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