Cristo desceu silenciosamente na Praça dos Três Poderes em Brasília

 

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Numa tarde lavada por chuva passageira, de sol brilhante e sombras compridas sobre os gramados de Brasília, surgiu ao longe, no céu azul entre torres de nuvens brancas, uma imagem incomum, se aproximou devagarinho, desceu silenciosamente na Praça dos Três Poderes até olhos revelarem ser Jesus Cristo, envolto numa aura de simplicidade, bondade e justiça.

Ele continua lá, onipresente, observando tudo. Escolheu o Brasil como primeiro país do planeta para uma visita e Brasília para testemunhar a ruína institucional deixada pelo golpe de Estado.

Cristo está inconformado com o desaparecimento, nessa praça, da palavra ÉTICA, não se fala mais nela, e com a ascensão da mediocridade aos píncaros dos poderes da República.

E mais ainda com a cena recente protagonizada por Michel Temer, Renan Calheiros e Carmem Lúcia, presidentes dos três poderes, que segundo a imprensa, negociaram, por telefone, uma jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, de recusa de cumprimento de decisão judicial, em troca da aprovação de uma Emenda Constitucional (PEC/55), de Temer, que fecha as portas para a inclusão social dos mais pobres, por 20 anos e da retirada de pauta do polêmico projeto de lei que trata do abuso de autoridade.

Comenta-se na praça que houve ação invisível do mercado, dos vendilhões do templo, que têm as autoridades da praça mais como gerentes de interesses inconfessáveis das grandes corporações empresariais e financeiras do que como defensores do interesse público.

Ele ficou impressionado ao ver o PSDB usar e abusar do PMDB, para seus desígnios de forma tão vil, que vai da conspiração para o golpe de Estado à manutenção do decorativo Michel Temer, alçado à Presidência da República por um Congresso predominantemente de parlamentares corruptos.

Entre os principais conspiradores, encontram-se Temer, que está no Palácio, mas com os dias contados, Cunha, no presídio, e Aécio, que continua dançando na desgraça do país, de rosto colado com o ‘justiceiro’ de Curitiba.

Temer é tão fraco que sequer conseguiu se comportar como deveria diante da tragédia da Chapecoense.

Anda deslumbrado com cerimônias palacianas ao lado da primeira dama Marcela, enquanto a economia passa da recessão à depressão e ele arca com o ônus da política dos tucanos.

Por outro lado, o Judiciário tenta, politicamente, submeter os demais poderes da República e a sociedade ao Estado policial estabelecido, posando de vestal do combate à corrupção.

Mas o país conhece muito bem o Judiciário. Sabe que é tão corrupto quanto os outros poderes. Venda de sentenças e abuso de autoridade fazem parte da história do judiciário.

Cristo está horrorizado com a banda política do Ministério Público e da Justiça de olhos arregalados, seletiva, partidarizada, que utiliza argumentos falaciosos para condenações sem provas, como fizeram com ele há dois mil anos.

Apesar do procurador Deltan Dallangnol ser um pregador do evangelho nas igrejas, Cristo não aprova a conduta dele nos trabalhos da Operação Lava-Jato.

A “teoria do domínio do fato”, na qual o procurador se baseia para formular suas ações e o “uso de provas obtidas por meios ilícitos”, estão em desacordo com os princípios da justiça ensinados por ele aos seus discípulos e inscritos na bíblia sagrada.

O que ele fez com o ex-Presidente Lula, com aquele famigerado PowePoint, sem nenhuma prova, está no caderno de anotações de Cristo.

Com os artifícios utilizados pelo procurador, promove-se a injustiça. Há leis de sobra no Brasil para combater a corrupção, faltam procuradores e juízes de estatura ética à altura das missões, para investigar e fazer justiça de acordo com a Constituição e as leis do país.

Cristo reprova também as paixões de Dallangnol, de ficar por aí em busca de palcos, câmeras e notoriedade. Um procurador da República, um magistrado, deve ser discreto, silencioso e justo. Procuradores e juízes foram escolhidos para servirem à sociedade com a promoção da justiça.

Ele recomendou o mesmo ao juiz Sérgio Moro, que anda em relações políticas promíscuas com o PSDB, reveladas numa fotografia que vale mais que mil palavras, clicada numa cerimônia promovida pela revista Istoé.

Na foto, Moro aparece ao lado de Aécio Neves, atrás de Temer, cochichando e rindo às gargalhadas, numa intimidade de quem conspira diariamente. A foto correu o mundo, nas mais importantes TVs, revistas e jornais.

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Aécio Neves foi um dos articuladores do golpe de Estado e é o mais citado nas delações premiadas da Operação Lava-Jato, investigado no escândalo de Furnas. As imagens mostram que Moro não é um juiz, mas um militante político. Caiu a máscara.

Mais constrangido Cristo ficou quando soube que juízes e procuradores que posam como vestais no combate à corrupção são beneficiários de mecanismos criados para subtrair dinheiro dos cofres públicos para agregar aos próprios vencimentos, formando ilegalmente supersalários acima do que determina o artigo 37 da Constituição.

Alguns vencimentos chegam a R$ 200 mil, num país no qual o governo corta investimentos públicos em educação, saúde e outras áreas por 20 anos.

Magistrados e procuradores reagiram contra o Senado por ter criado uma Comissão para estabelecer o teto salarial de acordo com a Constituição. A criação da Comissão se transformou num dos estopins da crise institucional.

Cristo ficou perplexo também com a campanha desencadeada por procuradores liderados por Dallangnol contra o projeto de lei que visa conter o abuso de autoridade. O projeto afeta diretamente o Estado de exceção.

Magistrados e procuradores querem imunidade absoluta a processos judiciais, mas todos são iguais perante a lei, é cláusula pétrea na Constituição, no céu e na terra.

Ele sabe que a corrupção no Judiciário é uma velha conhecida. Da mesma forma, o abuso de autoridade. Juízes afastados da vida pública por corrupção, abuso de poder ou outros ilícitos, são premiados com gordas aposentadorias.

Cristo destacou entre inúmeros casos de corrupção e abuso de autoridade, o mais recente e emblemático, do juiz Flávio Roberto de Souza, flagrado dirigindo um automóvel Ferrari, do empresário Eike Batista, apreendido por ordem do próprio juiz.

A defesa alegou que um problema de saúde causado pela falta de irrigação adequada no cérebro do magistrado o impedia o magistrado de distinguir o que é certo e o que é errado.

Mas, curiosamente, com a mesma falta de irrigação no cérebro, o juiz determinou a apreensão do veículo e o dirigia pelas ruas do Rio de Janeiro.

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Cristo disse que o povo brasileiro está se mirando no espelho e que uma grande parte não está gostando do que vê, como se tudo que está acontecendo fosse novidade.

O Congresso Nacional é um dos melhores espelhos do país. Foi se vendo nele que o Brasil entrou em delírio narcísico. Há identificação entre eleitor e representante parlamentar.

Os votos são como pinceladas, ou pixels, se preferir, na formação da imagem da sociedade refletida.

Os eleitores são responsáveis por seus votos e sabem que o Congresso Nacional sempre foi dominado pela corrupção do poder econômico e das oligarquias há séculos, mas fingem não saber.

Cristo ficou impressionado com o ódio plantado no coração de manifestantes que apoiaram, nas ruas, a banda podre da política liderada por Eduardo Cunha, Michel Temer e Aécio Neves, para derrubar a Presidenta Dilma, uma mulher honesta, legitimamente eleita, que estava bancando as investigações contra a corrupção, para em seu lugar colocar os corruptos que usurparam o poder, que estão sendo investigados e que tentam estancar as investigações.

Num patético teatro de rua, como se manipulados pelo “Sete Peles”, se voltam contra os mesmos parlamentares da banda podre do Congresso, que os próprios manifestantes aplaudiram e soltaram fogos, no dia do golpe de Estado, como se fossem verdadeiros heróis nacionais.

Curiosamente, eles não bradam contra Temer, Eduardo Cunha, Aécio Neves e outros políticos investigados na Lava-Jato, muito menos contra a PEC/55 e a reforma da previdência.

Cristo não gostou de ver a política na vala de esgoto, atirada por gente do mal, aliada do “Encardido”, inimiga da democracia, que não admite a política como uma das maiores invenções da humanidade para evitar a violência, construir saídas de crises com diálogo e debate franco e honesto.

Não há democracia sem política nem política sem democracia. São inseparáveis.

Ao destruírem a política, para o golpe de Estado, desmoralizaram com as instituições, Presidência da República e Congresso Nacional, o poder mais soberano dos três, em razão dos vínculos estreitos com o povo pelo voto direto.

Com isso abriram espaço para a tecnocracia judiciária, que tem poder de polícia, mas não tem voto, não representa a sociedade e, mesmo assim, tenta dar as cartas no jogo político.

Cristo está observando a corrupção também no jornalismo da mídia oligárquica e nas mega redes sociais criadas para o golpe de Estado, que fazem a narrativa a partir dos interesses do poder econômico nacional e internacional, manipulando as informações e deformando a opinião de milhões de pessoas.

As leva às ruas quando querem, com as palavras de ordem de um comando invisível.

Cristo adverte que ele foi vítima dos ricos e poderosos, dos “Centuriões”, por defender os humildes, por condenar a ganância e expulsar os vendilhões do templo, por insurgir contra a dominação e a exploração dos desfavorecidos, por pregar a igualdade, a fraternidade, a liberdade e a justiça.

Por isso foi preso, torturado e condenado à crucificação. Ele morreu pelos humildes, pelos ofendidos e humilhados.

Defender a devolução da soberania ao povo para a responsabilidade pelas decisões do país, com realização de eleições diretas o mais urgente possível e a discussão de uma agenda política de curto para saída da crise política e econômica e aliviar os mais pobres do sofrimento, estão de  acordo com os ideais de Cristo.

Ele disse que a única saída para a crise que levou o Brasil à ruína política e institucional em tão pouco tempo é pela democracia com um chamado à população para decidir qual destino quer dar para o país.

Disse e se retirou apressadamente, com receio de que pudessem querer pegá-lo pra Cristo.

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