Ministro Edson Fachin tem oportunidade histórica

 

Edson Fachin

 

“Quem pensa pequeno fica pequeno e faz coisas pequenas. Quem pensa grande fica grande e realiza coisas grandiosas”. Assim disse certa vez o deputado Ulysses Guimarães, que foi às ruas na campanha por eleições diretas e presidiu o Congresso Constituinte, que deu ao país a “Constituição Cidadã “, como ele a denominou, com direitos e garantias individuais e coletivas para assentar a democracia.

Poucos homens ou mulheres, no exercício de funções públicas de graduação elevada, têm oportunidades e vontade política de realizar trabalhos grandiosos para transformação da sociedade quanto, particularmente nesse momento, teriam o ministro Edson Fachin, o procurador Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro, com suas respectivas equipes, no combate à corrupção.

Mas, na indigência institucional em que se encontra o país, devastado pelo golpe de Estado, a pequenez de autoridades judiciárias e policiais se destacou no cenário político ao usarem, de forma abusiva, funções de alta confiança da sociedade para fins políticos.

Rodrigo Janot, por exemplo, parece não ter mesmo estatura para missões grandiosas. Submete-se a arroubos de procuradores como Deltran Dallangnol, com sua compulsão por notoriedade, e sua mal ajambrada tese da “teoria do domínio do fato”, exposta num PowerPoint para promover acusações, sem provas, e embarca na onda midiática contra o ex-presidente Lula, mesmo tendo a famigerada tese sido contestada internacionalmente pelo próprio autor, o jurista alemão, Claus Roxin e muitos respeitados colegiados de juristas mundo afora.

Juntamente com o Juiz Sérgio Moro, se enredaram na política rasteira e nos mimos da mídia, feitos popstars da sociedade do espetáculo, ao invés de se ancorarem no direito, nas garantias constitucionais, tão valiosos para a referência de justiça e construção da nação.

Janot e Moro tiveram a oportunidade de realizar um trabalho de vulto histórico em que a Justiça fosse exercida na sua plenitude como esteio da democracia e não como instrumento de perseguição política como está acontecendo com o ex-presidente Lula e com o Partido dos Trabalhadores.

Moro, com seu provincianismo, foi visto deslumbrado quando recebeu o prêmio das Organizações Globo, das mãos sujas de Roberto Marinho, que admitiu publicamente o apoio à ditadura criminosa. Da mesma forma, quando recebeu da revista Istoé, foi flagrado trocando intimidades alegremente com Aécio Neves, e também ao lado de Michel Temer, Geraldo Alkmin e outros políticos delatados na operação Lava-Jato.

Na esteira da decadência institucional causada pelo golpe de Estado, o Supremo Tribunal Federal atingiu um dos mais baixos índices de aprovação de sua história, por ter se omitido ou tomado decisões flagrantemente favoráveis ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma e ao estabelecimento de um governo ilegítimo; por se curvar ao réu, Senador Renan Calheiros, à época presidente do Senado, no episódio da sucessão presidencial, e outras questões que expuseram a pequenez e o acuamento do STF diante de políticos corruptos.

Como relator dos processos de investigação do maior número de políticos graúdos, de uma só vez, na história do Brasil, o ministro Edson Facchin tem a rara oportunidade de realizar um trabalho que orgulharia Raymundo Faoro, Sobral Pinto, Evandro Lins e Silva, e muitos outros grandes juristas brasileiros que dormem o sono eterno.

Enfim, Edson Fachin devia se livrar do “baixo clero do judiciário”, romper definitivamente com os golpistas, honrar a toga do STF, fazer justiça, e, quem sabe, dar sua contribuição para que este julgamento entre para a história, fazendo-se digno de uma grande nação.

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