Dallagnol corrompe a justiça pregada por Jesus
Posso estar redondamente enganado, mas lá no fundo da minha alma algo me diz que Lula não será condenado, por falta de provas.
A rebelião popular e a repercussão nacional e internacional seriam tamanha que o Juiz Sérgio Moro e os procuradores liderados por Deltran Dallagnol iriam de vez para o canto da história destinado aos injustos.
A perseguição e a finalidade da operação Lava-Jato ficariam reluzentes e expostas em praça pública para sempre. Como ficou o caso dos dois operários Sacco e Vanzetti, condenados à morte nos Estados Unidos, em 1927, sem provas, por um juiz, mesmo tendo sido inocentados por um homem que assumiu a autoria dos crimes, em 1925. O juiz desprezou as provas e julgou baseado em convicções próprias por razões políticas.
O caso Sacco e Vanzetti foi cantado em versos por grandes poetas como Allen Ginsberg e escritores como Walter Benjamin e Howard Fast. Em 1977, 50 anos depois, o governador de Massachusetts, Michel Dukakis, promulgou um documento que absolvia os dois operários.
O procurador Dallagnol, coordenador da operação no Ministério Público, religioso evangélico praticante, corrompeu os princípios da Justiça pregada por Jesus, ao pedir a condenação do ex-presidente Lula. Inventou a própria “justiça”, baseada não na verdade que liberta, mas na mentira que condena, quem sabe para dar vazão à própria vaidade e à obsessão que sofra.
Ele quer submeter o processo aos argumentos de seu livro, baseado na teoria do domínio do fato, a qual o próprio teórico, o alemão Claus Roxin, em palestras recentes em universidades mundo afora, condenou peremptoriamente a aplicação da teoria em investigações feitas no Brasil pela equipe da operação Lava-Jato.
Desde o desastroso powerpoint, feito para induzir a opinião pública a acreditar na construção da falsa culpa de Lula, que a credibilidade dos procuradores da Lava-Jato começou a se desgastar. Cidadãos e cidadãs reprovaram aquele espetáculo, aquela condenação pública, midiática, sem provas, antes do veredicto final do juiz Sérgio Moro.
A injustiça é uma das desgraças mais deploráveis do ser humano. Quem a pratica com base apenas em convicções pessoais, sem provas, ficará na história imperdoavelmente como injusto.
Dallagnol não se deu ao trabalho de fazer powerpoint para nenhum outro investigado, como Aécio Neves, por exemplo. Ficou evidente que a escolha de Lula foi por razões políticas.
Coincidência ou não, o tal powerpoint foi apresentado numa coletiva à imprensa no mesmo momento em que as delações premiadas colocaram Aécio Neves no centro do escândalo como o mais delatado de todos os envolvidos.
Ficou a impressão que não se sabia o que fazer com Aécio, pelo fato dele, juntamente com Michel Temer e Eduardo Cunha, terem liderado a conspiração para o golpe de Estado.
Parece que integrantes da operação Lava-Jato foram surpreendidos com as delações que atingiram em cheio o candidato derrotado das eleições de 2014 e a cúpula do PSDB: José Serra, Geraldo Alkimin e Aloízio Nunes Ferreira, entre outros. Daí em diante a situação ficou como se tivessem perdido o controle do que haviam planejado.
Ao arrastar a Lava-Jato para a política, construíu-se, a qualquer custo, uma uma história sustentada pela narrativa da mídia que não há como concretizar. Caso não consiga, ficará desmoralizado para sempre.
Dallagnol então se apegou ao próprio julgamento de que o ex-presidente Lula seria proprietário de “bens ocultos”: um apartamento, cuja tentativa de compra não foi efetivada, nem existe nenhuma escritura, nenhum registro em nome do ex-presidente, e um sítio de um amigo, o qual a família de Lula chegou a ir alguma vez em momentos de descanso, como qualquer pessoa que frequenta um sítio de um amigo. O procurador insiste que o sítio é propriedade do ex-presidente, sem nenhum documento que comprove.
Isso é de deixar Jesus, ao lado do Pai, roborizado de indignação.
Lula mora no mesmo apartamento em São Bernardo do campo, no ABC paulista, desde 1991, na mesma região onde mora os familiares dele e seus amigos de luta onde enfrentou os poderosos da época. Isso não condiz com a personalidade de um corrupto.
Corrupto rouba para ostentar, para comprar iates, mansões, apartamentos e carros de luxo, até “amor verdadeiro” como dizia o escritor Nelson Rodrigues.
Não barquinhos de lata, pedalinhos para passear com os netos, como fez Dona Marisa. Será que para Dallangnol o fato de Lula morar no mesmo apartamento simples há tanto tempo não teria importância nenhuma para formar suas convicções?
No depoimento do ex-presidente Lula, em Curitiba, com o comparecimento de cerca de 100 mil pessoas numa manifestação em solidariedade a ele, os procuradores da operação, o juiz Sergio Moro, e a grande mídia ficaram desmoralizados quando Lula demonstrou sua inocência publicamente, exigiu as provas do que ele estava sendo acusado e o juiz Sérgio Moro não as tinha para apresentar.
Lula expôs a perseguição, a qual estava sendo submetido, e a construção da falsa convicção do procurador Dallagnol. Ficou tão evidente que sequer Dallagnol compareceu ao depoimento.
O ex-presidente Lula apresentou dados de um estudo acadêmico que demonstra o assédio ao qual ele tem sofrido por parte da imprensa brasileira que age em conluio com autoridades da Lava-Jato, baseada em informações inverídicas.
Logo depois do depoimento do ex-presidente Lula, o juiz Sergio Moro e o procurador Dallagnol deram uma entrevista ao programa 60 minutos, da TV CBS, dos Estados Unidos, onde Moro, com absoluta falta de modéstia, se auto comparou a Eliott Ness, ator do filme Os Intocáveis. Como se a entrevista fosse uma tentativa de recuperação de território perdido.
Em seguida a explosiva delação do empresário Wesley Batista, em parceria com a Rede Globo, atirou definitivamente Aécio Neves e Michel Temer na lama. Já não serviam mais para nada, as criminosas vísceras dos dois foram expostas à luz do dia.
Eleitores de Aécio Neves e apoiadores do golpe de Estado, que foram às ruas para colocar Temer no poder, estão sem argumento. Os conspiradores do golpe estão perdendo todo o apoio que tiveram.
Requentar a história do triplex e do sítio e pedir a condenação do ex-presidente Lula, mesmo depois de 107 testemunhas terem inocentado o ex-presidente e das duas auditorias internacionais contratadas, PricewaterhouseCoopers e a KPMG Auditoria Independent, atestarem que não há qualquer indício de atos ilícitos praticados pelo ex-presidente Lula nos casos investigados na Petrobras.
O pedido de condenação de Lula parece ser uma jogada política para ocupar a mídia com outro assunto, para que Aécio e Temer não fiquem sozinhos no noticiário. Tanto que Aécio está sumindo do noticiário.
A perseguição ao ex-presidente Lula está sendo acompanhada por organismos internacionais como a ONU e por instituições de juristas, pela imprensa internacional, tendo em vista o ineditismo do golpe de Estado arquitetado no Brasil para derrubar a ex-presidenta Dilma, eleita democraticamente. O golpe, da forma como foi arquitetado, ameaça outros países do mundo. A imprensa internacional, nos últimos dias, intensificou a cobertura do desenrolar do golpe de Estado no Brasil. O que tem mais chamado a atenção é a imprensa brasileira, principalmente a Rede Globo. A imprensa virou notícia mundo afora.
Caso a injustiça contra o ex-presidente Lula prevaleça, seria o caso de se pensar até em construir um monumento em praças públicas, com as estátuas dos injustos, para que fiquem petrificados e as gerações futuras saibam o que o judiciário brasileiro foi capaz de fazer contra o maior líder popular da história do Brasil.