O risco que corre Joesley corre Janot

O comportamento de magistrados, procuradores e outros funcionários públicos de órgãos de fiscalização e controle, `a frente da operação Lava-jato, leva à desconfiança de que alguns deles podem ter tido acesso a funções públicas de alta relevância, no país, por meio de fraude em concursos públicos.

Brasília está às voltas com um escândalo de fraude em concursos públicos. Foi presa uma quadrilha que vendia vagas em concursos públicos de categorias de alto escalão. Segundo o delegado Adriano Valente, da polícia civil do Distrito Federal, os candidatos pagavam de R$ 5 mil a R$ 10 mil antes da prova e mais 20 salários depois que eram aprovados nos concursos.

Em 2005, outro escândalo de fraude em concursos públicos foi revelado envolvendo carreiras de Estado de alto nível em todos os poderes da República. Em outros estados, outros casos estão sendo investigados.

O que chama atenção são os  valores pagos pelas vagas. Quem tem dinheiro para pagar são pessoas de  classe média-alta. Pobres não  dispõem de valores tão vultosos para compra das vagas.

A desconfiança tem sido despertada devido à inacreditável quantidade de episódios patéticos e condutas aberrantes de magistrados, procuradores e policiais, na Operação Lava-jato e em outros casos envolvendo autoridades do judiciário.

Janot - Miller - Joesley

A Operação Lava-jato, que seria um feito extraordinário no combate à corrupção, um grande salto na nossa cidadania, nas conquistas da nação soberana e democrática, se enveredou por descaminhos, violando garantias constitucionais e deixando de observar o devido processo legal, revelou-se, definitivamente, tratar-se de um aparelho político do mais baixo nível a corroborar com o golpe de Estado.

A atuação de Rodrigo Janot como Procuradoria-Geral da República tornou-se tão absurda quanto a do “engavetador-Geral da República” Geraldo Brindeiro, nomeado por Fernando Henrique, em tempos idos, para arquivar todas as denúncia de corrupção ocorridas durante o governo tucano.

Janot teve como seu braço direito, na Lava-jato, o procurador Marcelo Miller, flagrado orientando delatores, entre eles, Joesley Batista, dono da JBS, e o procurador Ângelo Goulart Villela, que foi preso, acusado de passar informações privilegiadas, também para Joesley.

Toda essa podridão envolvendo procuradores, magistrados, inclusive do Supremo Tribunal Federal, políticos corruptos, está registrada em quatro horas de gravações entregue por Joesley ao Ministério Público e ao STF.

É possível que coisas mais graves venham à tona nos próximos dias envolvendo  Janot e mais gente do judiciário.

Joesley deve ter, em seu poder, mais gravações como carta na manga, quem sabe cedidas, gentilmente, por pessoas do próprio Ministério Público.

Pode ser um trunfo de Joesley.  Como diz o ditado, o risco que corre o pau corre o machado. O risco que corre Joesley de ter a delação anulada e de ser preso, corre Janot, caso as gravações revelem condutas incompatíveis com o exercício da função de procuradores e magistrados.

Imagina a situação: o Ministério Público e ministros do STF reféns de chantagens de um corrupto arquimilionário devido a relações promíscuas reprováveis mantidas pelas próprias autoridades judiciárias.

Como está atolado no caso Joesley, Rodrigo Janot resolveu tirar o foco de cima da Lava-jato, que desmorona junto com os corruptos, do STF e de si próprio, apelando para denúncias contra Lula e Dilma, exatamente no dia do encerramento da caravana que Lula fez por estados do Nordeste arrastando multidões por praças e ruas.

O juiz Sérgio Moro, por sua vez, lançou mão do depoimento de Antônio Palocci, desesperado por redução de pena, que faz acusações ao ex-presidente Lula com fatos desmentidos por 65 testemunhas, entre elas Emílio Oderbretch, que inocentam o ex-presidente, e por outros depoentes, que também o inocentaram em outras acusações.

A estratégia resulta em mais um ataque ao ex-Presidente Lula. O  Jornal Nacional deu 25 minutos para o que disse Palocci, com repetição nos demais telejornais, e quatro minutos para as malas do ex- ministro de Temer, Geddel Vieira Lima, com R$ 51 milhões. Aécio Neves desapareceu do noticiário.

A Constituição de 1988 deu ao país um sistema judiciário e de fiscalização e controle de alto nível. Mas autoridades que ocupam os cargos de alta graduação na estrutura do Estado, se mostram extremamente despreparadas e de nível muito aquém da  função pública que exercem no Brasil de hoje, no contexto das grandes nações desenvolvidas.

Parecem desprovidos de cidadania, não conseguem entender a importância estratégica das instituições, especialmente da justiça, para consolidação da nação democrática.

Preferem o rasteiro mundo do espetáculo, do flerte com a mídia, a notoriedade, as benesses da carreira com seus salários ilegais, acima do teto estabelecido pela lei, a honrar a função pública confiada pela sociedade .

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