É a percepção do povo, estúpido!

 

 

Diálogo num posto de gasolina:

 

– Ponha vinte contos.

 

– Cartão ou dinheiro?

 

– Dinheiro. Não tenho mais cartão.

 

– A gasolina tá cara, né?

 

– Rapá! E o gás?

 

– Tiraram a Dilma dizendo que ia melhorar, mas piorou! …

Aqui no posto é carteira assinada?

 

– Era. O patrão demitiu todo mundo. Agora a gente trabalha por hora.

 

– Na padaria, onde eu trabalho, também. Até eu, padeiro, trabalho por hora.

 

– Todo mundo aqui está recebendo metade do que recebia com carteira assinada. E não tem mais tiket alimentação, transporte, férias, décimo terceiro, aquelas coisas que tinham, né?

 

– Voltou a escravidão.

 

– Eu sou solteiro, me viro, mas já pensou quem tem mulher e filhos?

 

– Meu patrão é mau. Vive gritando com a gente como se nós fossemos escravos. Só falta o chicote.

 

– O meu, nem aqui vem. Ele tem 12 postos de gasolina. Botou um gerente que anota até o tempo que a gente vai ao banheiro. Desconta tudo. Chega no fim do dia a gente recebe sem saber quantas horas trabalhou.

 

– Rapá! Lá na padaria também está assim. E se reclamar vai demitido. Tem hora que eu fico tão nervoso, revoltado, que me passa umas coisas malucas na cabeça.

 

– É muita humilhação! A gente virou escravo mesmo. Não temos mais direitos. Tive que vender meu Monza. Meu ganho aqui caiu muito. A gasolina e o gás diapararam, e eu não estava conseguindo pagar conta de celular e as prestações.

 

– Escravidão? Mate o patrão!

 

– Tá doido, véi!

 

– Não estou doido não.

Hoje mesmo o gerente me chamou pra conversar. Disse que eu estou muito lerdo, que tem muita gente querendo meu lugar.

 

Eu me matando de trabalhar, chego em casa morto de cansado, no dia seguinte pego dois ônibus, venho pra cá e fico ouvindo essas coisas do gerente o dia inteiro, ganhando uma miséria. Tem hora que dá vontade mesmo, de fuzilar.

 

– Eu, tenho que chegar na padaria quatro horas da manhã, e é a mesma coisa: o patrão gritando comigo e me ameaçando.

Tem hora que dá vontade mesmo.

 

(*) O gerente grita com o frentista, manda ele encerrar o atendimento e o chama para lavar carro, no Lava-Jato.

 

 

A gangorra política está se invertendo. O manto da mentira, que cobria o golpe de estado, se esfarrapou.

 

A reforma trabalhista, a terceirização, e a perseguição implacável da “operação Lava-Jato” ao ex-Presidente Lula, parecem ser os fatores causadores do maior desgaste do golpe, na opinião pública, por baterem na porta das casas dos trabalhadores brasileiros como anúncio de empobrecimento, de roubo da renda e de direitos, e pelo fato de juízes e procuradores mergulharem a justiça no pântano da descrença nas instituições.

 

A divulgação da folha de pagamento mostrando a corrupção de juízes, desembargadores e procuradores recebendo muito acima do teto salarial determinado por lei tem causado revolta e indignação na sociedade, e, evidentemente, a perda de confiança e respeito pela justiça, um dos mais preciosos bens da democracia.

 

A demissão em massa, em todo o país, de quem tinha carteira de trabalho assinada, para contratação em regime de trabalho intermitente (por hora), está reduzindo drasticamente o ganho dos trabalhadores e bloqueando a mobilidade social.

 

Enquanto isso, a mídia mente, afunda também no descrédito, dizendo que a economia está crescendo e o Brasil saindo da crise.

 

Os órgãos que cuidam das informações oficiais, por sua vez, desmentem o noticiário.

 

A construção civil, por exemplo, setor que mais emprega, teve uma queda neste ano de 6%, com demissão de 105 mil empregados. O setor de serviços, até outubro já havia acumulado queda de 3,4%. Na comparação do acumulado no ano até setembro de 2017 e igual período de 2016, a queda da indústria chega a 3,4%.

 

As mentiras do juiz Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallangnol também estão na praça, à luz do dia. A injustiça deles está nua. Ficaram claras a perseguição ao ex-Presidente Lula e a proteção a Aécio Neves, um dos principais conspiradores do golpe, e dos tucanos envolvidos em corrupção, todos impunes.

 

A credibilidade da “operação Lava-Jato” e de Sérgio Moro estão ruindo, segundo pesquisa do Instituto Ipsos, enquanto o ex-Presidente Lula dispara na preferência do eleitorado, em todos os institutos de pesquisa, podendo ser eleito no primeiro turno das próximas eleições.

 

É sintomático o fato de os magistrados do Tribunal Federal de Recursos (TRF-4) apressarem o julgamento do recurso do ex-Presidente Lula contra a decisão do juiz Sérgio Moro de condená-lo, sem provas, e marcarem para o próximo dia 24 de janeiro. Eles perceberam o desmoronamento da credibilidade da Lava-Jato.

 

 

 

 

Outro fato relevante foi a atitude do procurador Deltan Dallangnol, que, por não conseguir nenhuma prova, recusou os recibos originais e periciados apresentados pelos advogados de defesa, de pagamento do aluguel de um apartamento que prova não ser o ex-presidente proprietário do imóvel.

 

Por outro lado, as redações da grande mídia se desesperam. Recorrem ao estoque de mentiras e crueldades de autoridades da Lava-Jato para disseminar, dia e noite, ódio contra o ex-Presidente Lula, a fim de legitimar as ações de Moro e Dallangnol.

 

Âncoras e comentaristas, nas telas, não se conformam e não conseguem conter a aflição ao verem a gangorra virar contra eles.

 

Se fosse apenas um ou outro instituto de pesquisa que tivesse revelado a opinião pública e a avaliação política dos brasileiros sobre o golpe, a operação Lava-Jato e a preferência eleitoral para a próxima eleição, poderia até ser questionado.

 

Mas são todos os institutos de pesquisa que demonstram claramente uma mudança rápida e radical da percepção da população sobre o que está acontecendo no Brasil.

 

Por mais dinheiro que Temer tenha injetado nas grandes corporações de mídia, para garantir apoio ao golpe, a realidade se impõe e o povo percebe o jogo político.

 

Os grupos Abril e Globo, por exemplo, andam mal, beirando o precipício, tendo que reduzir custos, mais uma vez, e demitir empregados.

 

A revista encalha nas bancas e os telejornais despencam os índices de audiência.

 

Algo parecido acontece com os livros sobre o juiz Sérgio Moro e a operação Lava-Jato, e com o filme “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”: um fracasso.

 

É a percepção do povo, estúpido!

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