A escravidão sempre foi um assunto indigesto nos salões iluminados

 

 

A decisão de decretar a intervenção militar no Rio de Janeiro aconteceu imediatamente depois do forte impacto, na opinião pública, do desfile da escola de samba Paraíso do Tuiuti, e da faixa afixada na entrada da comunidade da Rocinha com um aviso ao Supremo Tribunal Federal que se Lula for preso o morro vai descer.

 

Não só a Rocinha pode descer, mas todas as comunidades do país podem ocupar as ruas, desarmadas. Basta pararem os carros nas ruas e avenidas, nas estradas, num trancaço nacional, ocuparem aeroportos, fazerem uma greve de transportes, e muitas outras ações de protesto contra as injustiças e a opressão.

 

O povo não aceita mais ser escravo de ninguém.

 

Na semana retrasada Jair Bolsonaro, diante de uma plateia de banqueiros nacionais e estrangeiros, num seminário, disse, como um cão de guarda dos milionários, eivado de ódio de classe, que se eleito metralharia, de helicóptero, a comunidade da Rocinha.

 

Até quando as forças armadas e policiais vão ser adestradas em cursos de formação, nas tais academias, e usadas pelos de cima para manter a ordem estabelecida por banqueiros, grandes corporações empresariais nacionais e estrangeiras, para proteger a rapinagem, seus negócios, seus patrimônios, e reprimir, atacar os de baixo, as comunidades pobres, excluídas, os trabalhadores explorados pelo patronato de um sistema capitalista corrupto? Até quando?

 

 

 

 

Quando as denúncias do golpe de Estado e da escravidão despontaram dos bastidores da escola de samba Paraíso do Tuiuti e explodiram em sete cores na avenida, iluminando os quatro cantos do Brasil, como sol do meio dia, romperam-se as trevas.

 

O senhorio ficou em pânico. As redes de mídia construídas por magnatas parasitas da corte, desde os tempos coloniais, para dar sustentação à história oficial, contada pelos seus narradores de plantão nos meios de comunicação, não resistiram ao desfile da escola de samba.

 

A dramática situação do povo brasileiro, as mazelas históricas foram estampadas nas telas do mundo.

 

Em fevereiro tem carnaval, mas o Brasil, bonito por natureza, parece não ser mais abençoado por Deus. Talvez Deus nem seja mais brasileiro.

 

O “Vampirão”, representante de outros vampiros que sugam as riquezas, a força de trabalho e a renda dos brasileiros, foi mostrado como usurpador do poder. Gente das trevas, de rabo e chifre, exposta na avenida com estética apropriada.

 

A escravidão sempre foi escamoteada, um assunto difícil de ser tratado nos salões iluminados. Imagine na avenida, diante das câmeras das TVs das grandes redes internacionais e dos celulares. A hipocrisia foi despida, clareou a formação econômica, social, cultural e política do Brasil, que o senhorio não suporta ver.

 

Misturado ao turbilhão de notícias que desaparecem todos os dias no túnel do tempo, uma nota escapou das páginas dos jornais informando que terça-feira, dia 06, funcionários do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e agentes do FBI realizaram na Câmara de Comércio Internacional, em São Paulo, um evento fechado à imprensa, para discutir a Operação Lava-Jato e os próximos passos. Há suspeita de que a reunião foi para passar instruções.

 

A intervenção militar no Rio parece ter sido apoiada por um grupo restrito de oficiais ligados ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, simpático à candidatura de Bolsonaro. Para os demais oficiais, talvez seja constrangedor ser comandado por Michel Temer, acusado de ser membro de uma “organização criminosa”, pela Polícia Federal, no relatório para o Supremo Tribunal Federal.

 

Uma organização criminosa que deu um golpe de Estado, se instalou no Palácio do Planalto, no Senado, na Câmara, nos ministérios, sob proteção do STF, que engavetou o pedido de anulação do criminoso impeachment da Presidenta Dilma.

 

Participaram da reunião que decretou a intervenção: Michel Temer, comandante supremo das forças armadas, que está um pote até aqui de mágoa com a escola de samba Paraíso do Tuiuti, por expor na avenida o “Vampirão” e o golpe, sob luzes tão fortes, para o Brasil e o mundo verem; Temer, Moreira Franco, Eliseu Padilha, que juntos com os deputados Aloísio Alves, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e suas malas de dinheiro, são acusados, no relatório da Polícia Federal, serem membros de uma organização criminosa denominada pelos investigadores “longa manus”; o presidente do Senado, Eunício Oliveira, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também acusados e investigados por corrupção; e o Ministro da Defesa, deputado Raul Jugmann, que está na lista da Oderbretch, e não apita nada nas forças armadas.

 

O senador Romero Jucá, também acusado de integrar a organização, mandou recado para Temer, propôs a criação do Ministério da Segurança, talvez para esvaziar os órgãos existentes, e ajudar a estancar as investigações dos esquemas de corrupção deles.

 

Ou seja, depois de impor o drástico corte de recursos com o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, levar estados e municípios à falência e o país a uma dramática crise econômico-financeira, Temer e sua organização determinaram intervenção militar no Rio de Janeiro e quer transformar a ocupação num grande espetáculo para as câmeras de TV, e tentar conquistar apoio para as candidaturas deles nas eleições deste ano.

 

O ano avança rumo às urnas, o golpe afunda sem candidato, sem projeto, e a percepção da sociedade se amplia para as camadas mais pobres, segundo pesquisas.

 

Esse drama tira o sono dos conspiradores do golpe, de banqueiros, do empresariado do grande capital.

 

Com que cara e discurso o candidato irá às eleições? Vai defender o governo Temer, a reforma trabalhista, a lei da terceirização, a reforma da previdência, a subtração de direitos dos trabalhadores, as privatizações de empresas de energia, dos bancos públicos, da educação e da saúde públicas, a retirada do controle da produção do petróleo e gás do Pré-sal, da Petrobras, e a entrega para grandes corporações estrangeiras, a lei da venda de extensões ilimitadas de terras a estrangeiros, a reforma das leis ambientais, a liberação de agrotóxicos banidos, o aumento da gasolina e do gás?

 

Por isso estão sem candidato e querem se manter no poder a qualquer custo, para continuarem com seus negócios. Com Supremo, com tudo, e se necessário com as forças armadas e policiais como sempre foi, na história do Brasil.

Mas o povo percebe o jogo e quer Lula presidente

 

Relacionados