Dinheiro não traz civilidade


 

 

 

 

 

Aparentemente são o mesmo tipo que berrou impropérios do mais baixo calão, a todos pulmões, na abertura dos jogos da Copa do Brasil, em 2014, contra a presidenta Dilma, diante dos chefes de estado e outros convidados estrangeiros, e depois se juntaram à horda de Aécio Neves, Eduardo Cunha e Michel Temer, nas ruas e nas redes sociais, em apoio ao golpe de estado.

 

Na copa da Rússia fazem vídeos assediando mulheres, adolescentes e até crianças, também com impropérios e expressões de baixo calão com a finalidade de ridicularizá-las, humilhá-las  em frente às câmeras de seus poderosos celulares, com profundo desprezo por elas, numa demonstração de que quem tem dinheiro acha que pode fazer o que quer com os que não têm seu poder de compra.

 

Esse tipo é conhecido há bastante tempo. Na França é chamado de “rastaquouère”, ou, em português, “rastaquera”, termo com que os franceses denominaram o novo-rico brasileiro em tempos idos. Arrogante, dado à ostentação, mas rude, de mal gosto. Ou seja, com dinheiro, mas sem educação, sem modos.

 

Os arrastraquero, no espanhol latino-americano, eram literalmente os “arrasta-couro”, gente que ficou rica com a exportação de couro curtido para a Europa no ciclo de expansão da criação de gado, e da caça de animais silvestres, para a fabricação de calçados, malas, casacos de pele e outras utilidades.

 

O rastaquera brasileiro ficou tão famoso que, por ser uma pessoa absolutamente desprovida de referência de ridículo para os padrões europeus, faz parte da história da música erudita. 

 

Le Brésilien (O Brasileiro) tornou-se personagem de destaque na famosa ópera-bufa La Vie Parisienne, de Jacques Offenbach, estreada em Paris em 1866.

 

Pois é, poder e dinheiro não trazem civilidade. O mundo está povoado de rastaqueras, um bem acabado tipo produzido pela cultura do capitalismo selvagem. 

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