O Brasil está sendo submetido à cultura da morte

 

 

 

 

 

 

 

O Brasil vive a rebelião dos estúpidos e com ela a cultura mórbida da morte. Aliás, a  campanha eleitoral do atual presidente foi feita com louvação à morte, como a mais importante proposta de governo. Os gestos de matar, se utilizando até de crianças, os gritos de guerra, a pregação de que todo brasileiro deve ter uma arma em casa, estabeleceram no país a cultura da morte.

Não bastassem os 62 mil assassinatos por armas de fogo no Brasil a cada ano, a grande maioria jovens negros, nunca se falou tanto em  armas e em matar. O próprio candidato Jair Bolsonaro foi vítima de uma tentativa de assassinato. 

Por mais bizarro que pareça, o chefe da nação está hospitalizado e sua imagem associada a armas, à morte. Parece sintomático.

Depois da posse, órgãos de fiscalização e controle descobriram ligações da família Bolsonaro com milícias, com o “escritório da morte”, formado por grupo de matadores de aluguel, no Rio de Janeiro. 

Em seguida, o presidente dá o primeiro passo para armar a população, assinando decreto que dá direito aos cidadãos  de  terem até quatro armas de fogo em casa. 

Na mesma semana, acontece a tragédia da Vale do Rio Doce,  depois das terríveis críticas de Bolsonaro, na campanha eleitoral, às leis ambientais e à ação dos órgãos de proteção da vida, que atrapalhariam os negócios das mineradoras e das empresas do agronegócio.

As forças armadas e policiais trouxeram a morte para a vida dos brasileiros. Por serem instituições que, em vez de preparar os funcionários públicos que têm prerrogativa de uso de armas, para proteger, culturalmente preparam para matar. 

Os ensinamentos, preponderantemente, giram em torno da arma e da construção do “inimigo”. Não há militarização sem a construção do inimigo, sem a presença da morte. 

No Brasil, foi criada a figura do “inimigo interno”, desde tempos imperiais, ou seja, aqueles cidadãos que se organizam para defender seus direitos são considerados “inimigos internos”. No entendimento da Doutrina de Segurança Nacional, criada no período da ditadura militar, seriam, no Império, inimigos da coroa, e depois, das classes proprietárias e rentistas, protegidas por forças armadas, policiais e judiciárias.

Como mais uma ação da cultura da morte, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, lançou o pacote de mudanças de leis  denominado por renomados juristas, “licença para matar”. 

O conjunto de  medidas são avaliadas por eles como uma estupidez, que rompe com o  princípio do direito à vida. O Auto de Resistência,  relatório no qual, alegada legítima defesa, lavrado pelos próprios policiais, foi reforçado. A cultura da morte ganhou mais status.

Não por acaso, há poucos dias, quatorze jovens, rendidos, de mãos na cabeça, segundo testemunham moradores, foram chacinados na favela do  Fallet, no Rio de Janeiro. Mais uma entre tantas outras chacinas. 

Numa busca rápida no Google, é possível constatar que também em outras cidades estão ocorrendo matanças de jovens diariamente.

O Ministério da Saúde fala na volta do choque elétrico como tratamento de doenças mentais. Uma prática abolida nos hospitais de países mais avançados do mundo.

A ministra da Agricultura quer a liberação de agrotóxicos banidos na Europa para uso na produção agrícola e o ministro do Meio Ambiente, mudar a legislação para restringir a fiscalização e o controle de órgãos ambientais.

Talvez faça parte dessa energia mórbida , que amalgamou  sobre  o Brasil, a morte de dez jovens atletas do flamengo, decorrente de negligências do clube, assim como a morte do jornalista Ricardo Boechart, num acidente com helicóptero, também apontado como possível negligência nos cuidados da aeronave. 

Estão levando agora a cultura da morte, da doutrinação militar, para as escolas e com o componente da desonestidade: as escolas que foram preparadas anteriormente, que têm potencial de notas para o PISA (Programme for International Student Assessment), estão sendo escolhidas para serem militarizadas, a fim de atribuir à militarização  a melhora das notas dos alunos.

Em Brasília, um cartaz do Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, foi retirado de uma escola. Vão colocar no lugar um cartaz do torturador Brilhante Ustra, o ídolo da morte?

Em que parte do mundo o sistema educacional é militarizado? Por que não olham para a Finlândia, Noruega, Dinamarca, Suécia, Suíça, Holanda, França, e outros países, referências em educação, para a vida no mundo?

Esses países estão fechando presídios,  transformando-os em centros culturais, hospitais, bibliotecas e outros destinos, que fazem parte da cultura da vida.

 

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