Aécio Neves não. Aécio Cunha

 

 

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O nome de registro do senador Aécio Neves é Aécio Neves da Cunha. Cunha herdado do pai, o ex-deputado Aécio Ferreira da Cunha.

 

Segundo registros da Câmara dos Deputados, o pai de Aécio apoiou, como um dos articuladores, o golpe militar de 1964, e os governos militares como deputado federal pela Arena, PDS, tendo depois se filiado ao PFL.

 

Em 1962, na mesma eleição que o pai de Aécio conseguiu o mandato de deputado federal, cerca de 250 candidatos a deputado federal e 600 candidatos a deputado estadual receberam recursos proveniente do famoso Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), entidade criada para arrecadar recursos de empresas multinacionais e financiar campanhas eleitorais de candidatos favoráveis ao golpe, segundo relatório da CPI do IBAD.

 

Dos sobrenomes que tem, prefere usar Neves, o mesmo do avô Tancredo, ex-ministro da Justiça de Getúlio Vargas, que sofreu ao lado dele as agruras de conspirações e tentativas de golpe por integrantes da UDN, em 1954, com acusações incessantes de corrupção no governo, dispondo-se a sacrificar a própria vida, se preciso fosse.

 

Articulador da candidatura de Juscelino Kubitschek à Presidência da República, enfrentou os golpistas e ajudou a garantir a posse dele. Além disso, esteve ao lado de JK em mais duas tentativas de golpes.

 

Tancredo foi também primeiro-ministro num curto período de regime parlamentarista no Brasil (1961-1962).

 

Quando Tancredo Neves convidou Dona Risoleta Neves e o neto Aécio para estarem ao lado dele no périplo da campanha das Diretas Já, certamente ensinou-lhe os primeiros passos na política no caminho da democracia.

 

Foi depois da morte do avô que Aécio adotou o sobrenome Neves e passou a usá-lo vinculando-o à sua imagem. O Neves passou a ser uma espécie de prancha para surfar nas ondas políticas. Foi a construção de uma imagem que, pela sua atuação nos últimos tempos, assemelha-se a uma trapaça.

 

Aprendeu a manejar a gramática política, um amontoado de expressões genéricas, substrato da retórica que costuma enganar os leigos, como mais um recurso associado ao sobrenome do avô.

 

Isso somado a recursos financeiros, rede de rádios da família, entre elas a de Betim-MG, que ele conseguiu no governo Sarney, no final das contas, rendeu-lhe uma carreira como neto de Tancredo, com direito a bajulação quase que diária da velha mídia udenista.

 

Não se ouve falar que Aécio estudou o Brasil, um esforço que pudesse lhe dar porte de estadista. Aliás, o que pessoas próximas dele costumam dizer é que ele nunca foi muito de estudar. Entre sala de aula, praia e balada, ele sempre deu preferência às duas últimas opções.

 

Sem o sobrenome do avô, sem os amigos da família, rede de comunicação e dinheiro, talvez Aécio nem existisse como político.

 

Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso, ele foi alçado a presidente da Câmara dos Deputados, um cargo que elevou seu status político.

 

Fernando Henrique tinha esmagadora maioria no Congresso e precisava de alguém que realizasse as tarefas do Planalto sem questionamentos. Aécio Neves, com sua grife tirada do nome do avô, caiu como uma luva nas pretensões do governo.

 

Dito e feito. Cercado de assessores preparados, Aécio Neves funcionou como um office boy do Planalto. O bom moço fez tudo direitinho.

 

Curioso, ele nunca assumiu um ministério. Um mistério. Seria falta de preparo? Aécio sempre viveu de sinecuras, muitas delas proporcionadas por nepotismo.

 

O primeiro emprego, quando foi nomeado para Cargo Comissionado (CC) na Câmara dos Deputados, – o pai, Aécio Ferreira da Cunha, era deputado –, depois secretário particular do avô, senador Tancredo Neves, e outros cargos do Estado, permitiram-lhe viver zoando por aí nas rodas de políticos.

 

Não há registro de uma contribuição significativa para o país proveniente da lavra de Aécio, que mereça ser destacada.

 

Presidir à Câmara com ampla maioria governamental, sendo do mesmo partido do governo, não é algo tão difícil.

 

Depois dos serviços prestados a Fernando Henrique, Aécio ganhou o governo de Minas Gerais. Mais ondas surfadas com o sobrenome do avô.

 

Nesse vai e vem das ondas, Aécio Neves andou resvalando em farras com excessos, sem certos cuidados que os homens públicos costumam ter.

 

Além disso, abusou do cargo de governador como se fosse uma propriedade privada, entre outras coisas, com a construção de aeroportos supostamente para beneficiar propriedades de familiares.

 

Abusou também do uso de aeronaves do governo dos mineiros no transporte de amigos, celebridades, parentes, e em viagens para outros estados, principalmente para o Rio de Janeiro, sem justificativas aceitáveis.

 

Em 2014 Fernando Henrique bancou Aécio Neves como candidato à Presidência da República e desbancou José Serra e Geraldo Alckmin, que trabalharam duro no partido pelas próprias candidaturas.

 

Fernando Henrique não controla Alckmin e muito menos Serra. Talvez quisesse Aécio Neves na Presidência da República  para fazer o mesmo que fez quando presidente da Câmara. Tê-lo como seu ventrículo.

 

Derrotado nas eleições de 2014, Aécio Cunha assumiu as mesmas posições em relação à presidenta Dilma que seu pai, o deputado Aécio Ferreira da Cunha assumiu contra o ex-presidente João Goulart, no golpe de 1964.

 

Aécio Cunha se aliou a Eduardo Cunha para um golpe parlamentar contra a presidenta Dilma. Prega abertamente o rompimento com a ordem constitucional vigente.

 

Arrastou para as ruas, com ajuda escancarada da mídia, que serve à oposição, os setores mais atrasados e reacionários da sociedade. Deu-lhes voz e espaço para ações.

 

Tudo isso sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, que também faz o mesmo, manifestando em artigos, entrevistas e reuniões a sua sanha golpista.

 

O que Aécio Cunha talvez não se dê conta é que um golpe não é tão fácil quanto o que ele recebeu de mão beijada em surfadas políticas. E que o Brasil não está em 1964 e sim em 2016, com uma moderna “Constituição Cidadã”, como a denominou o dr. Ulysses Guimarães, fiel companheiro de Tancredo Neves.

 

Uma Constituição que proporciona ao país instituições sólidas e estáveis, e a sociedade organizada em sindicatos, centrais sindicais e movimentos com capacidade de mobilização popular inédita na história do país.

 

A pergunta que fica é: se não fosse o uso do sobrenome do avô na carreira política e a ajuda de familiares e amigos de Tancredo, Aécio Neves teria ocupado tantos cargos políticos? Provavelmente não.

 

Ele tem usado e abusado do sobrenome Neves, mas parece que não aprendeu as lições políticas de Tancredo.

 

Depois da reconciliação com o passado do pai golpista, a continuidade do uso do sobrenome do avô soa como uma usurpação, uma fraude. Agora não cola mais. O nome mais apropriado é Aécio Cunha.

 

Aécio Cunha e Eduardo Cunha devem entrar de braços dados para a história, mas pela porta dos fundos.

 

Ficarão longe da ala em que estão Ulysses Guimarães, Severo Gomes, Márcio Moreira Alves, Chico Pinto, Miguel Arraes e tantos outros que lutaram pela democracia ao lado de seu avô Tancredo e foram fiéis a ele até o fim.

 

Vão para a ala dos golpistas, a mesma em que estão o seu pai, o deputado Aécio Ferreira da Cunha, Fernando Henrique Cardoso, Jair Bolsonaro, o ex-governador mineiro e ex-senador Magalhães Pinto, Pedro Aleixo, Carlos Lacerda, golpistas e conspiradores da linha de frente, em 1964, e tantos outros que non los puedo contar.

 

Aécio Neves não existe, a não ser como fraude. Seu nome verdadeiro é Aécio Cunha.

(*) Nada contra o sobrenome Cunha, mas os políticos em discussão neste artigo não merecem respeito como políticos.

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