Rastaqueras unidos na bizarra sessão do golpe de Estado
O Brasil teve a oportunidade de ver, na votação da admissão do processo de impeachment da Presidenta Dilma, o baixo nível dos parlamentares que representam diversos setores da sociedade, conheceu com os próprios olhos o chamado “baixo clero”, a falta de senso de ridículo, e os fascistas mais raivosos.
A sessão se transformou, não só em escândalo nacional, mas internacional com imensa repercussão, tendo em vista o grotesco espetáculo proporcionado por parlamentares golpistas, a começar pelo presidente Eduardo Cunha, réu no STF por corrupção e um dos principais conspiradores do golpe.
A imagem do Brasil, que mereceu destaque no mundo durante os dois mandatos do ex-presidente Lula, por ter feito uma revolução social com políticas de inclusão e retirada da pobreza de cerca de 40 milhões de pessoas, agora amarga desmoralização internacional com a tentativa de golpe de Estado.
Os parlamentares desta legislatura foram os últimos eleitos com farto financiamento de suas campanhas por grandes empresários.
Por incrível que pareça, os partidos que votaram em peso no impeatchment são os mesmos que votaram a favor da proposta de reforma política de Eduardo Cunha, no ano passado. Cunha tentou colocar definitivamente na Constituição o financiamento privado de campanhas eleitorais.
Trata-se de uma atitude ousada de Eduardo Cunha para garantir a corrupção eleitoral. Mas o STF derrubou o financiamento empresarial de campanhas por considerá-lo inconstitucional, ao julgar ação da OAB que arguia inconstitucionalidade do financiamento privado de campanhas. O Ministro Gilmar Mendes havia engavetado a ação da OAB.
Certamente o financiamento das campanhas, por empresários, explique a eleição de tão elevado número de parlamentares do chamado “baixo clero”, a condução de Eduardo Cunha à presidência da Câmara e a armação do golpe.
A sessão da Câmara, comandada por Ele, no domingo, mostra que a afirmação de que as instituições estão funcionando não é bem assim. Estão funcionando a favor de quem?
Guardadas as devidas proporções, o Judiciários e o Ministério Público, assim como a Câmara dos Deputados, também tem manifestado seu lado grotesco, rastaquera, ao atentar contra a Constituição, negar garantias fundamentais a cidadãos e o Estado democrático de direito, deixar de lado sua responsabilidade institucional republicana e participar das articulações do golpe. Além do juiz Sérgio Moro, existem exemplos de sobra, de ações políticas do judiciário e dos órgãos auxiliares.
As revelações de que a Operação Lava Jato foi arquitetada para fins políticos, articulada com a oposição no Congresso Nacional, para perseguir pessoas e destruir reputações e instituições políticas, mostra que o judiciário e órgãos auxiliares sofrem do mesmo mal que acomete o Congresso Nacional: decadência moral.
A Operação Lava Jato persegue Lula e o PT e o Ministério Público, a Polícia Federal e o STF não investigam Aécio Neves nem integrantes do PSDB e de outros partidos que participam do golpe tramado por setores do Congresso, do Judiciário e da mídia. Isso é fato.
A mídia senhorial tenta a todo custo dar pompa e ares de limpeza ao espetáculo da oposição e uma narrativa manipulada das ações do golpe, contribuindo ainda mais para o quadro deplorável dos acontecimentos.
A mídia nativa está sendo tratada mundo a fora, pelas grandes agências internacionais de notícia, como algo picaresco, tamanha a desfaçatez de editores, repórteres e comentaristas, na manipulação das informações.
Nossa história republicana se arrasta pelo tempo com suas instituições e autoridades, guardadas as devidas excessões, ainda de mentalidade monárquica, com os olhos voltados para além do Atlântico, para além do hemisfério Norte, sem compromisso com o país, com a nação, com o povo. O grande empresariado, apoiador do golpe, parece que nunca enraizou, se comporta como colonizador, só pensa em negócios. O povo que se dane.
Ficou evidente, na sessão de domingo, que ainda estamos muito aquém do padrão das democracias consolidadas no mundo e de instituições republicanas capazes de dar sustentação à sonhada nação livre e soberana, dos trópicos.