Sua piscina está cheia de ratos
O Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal estão numa posição, em ralação ao golpe, no Senado, que empossou Michel Temer, muito semelhante à que mantiveram em relação a Eduardo Cunha, no momento em que era articulado, na Câmara dos Deputados, o afastamento da presidenta Dilma.
O Procurador-Geral, Rodrigo Janot, tornou-se o juiz Sérgio Moro do planalto, está se comportando como se fosse um office boy da Casa Grande.
Rodrigo Janot e o STF estão diante de um governo que é um verdadeiro esgoto a céu aberto, tomado por mais de uma dezena de ministros corruptos e nada acontece com eles.
Presenciam um golpe dado à luz do dia por um esquema de corruptos liderado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para tentar barrar as investigações, como ficou claro nas gravações de Sérgio Machado.
O Brasil está exposto a um vexame internacional, enxergado com indignação e perplexidade por brasileiros e pelo mundo afora, sem que o Ministério Público e o STF encarem a horda de bandidos e os afastem da vida pública.
Seguramente essa situação seria impensável em nações de democracia e cidadania consolidadas, como Estados Unidos e países da Europa. Seguramente todos os investigados teriam sido afastados.
Mas Janot, até o momento, parece só enxergar Lula. Tratou de pedir ao Ministro Teori Zavatski para enviar ao juiz Sérgio Moro o inquérito no qual consta a delação premiada de Delcídio Amaral envolvendo irresponsavelmente o ex-presidente Lula, como se a citação de um malandro contra o ex-presidente fosse mais importante do que a dezena de ministros do governo provisório que, na cara dura, faz o Brasil refém do crime organizado.
Curioso, é que Moro gravou ilegalmente conversa que o ex-presidente teve com a presidenta Dilma, vasada posteriormente para a Rede Globo, dias antes da votação do impeachment na Câmara.
Num país de judiciário decente, Sérgio Moro teria ido em cana. Aqui ele é protegido, talvez por se tratar de um magistrado perseguidor da esquerda. Aliás, o Conselho Nacional de Justiça mandou arquivar cinco pedidos de investigação de desvios de conduta dele.
O problema é que ao escarafunchar o pântano da corrupção a Procuradoria-Geral da República e o STF deram em veios que levaram à cúpula do PMDB, com probabilidade muito grande de chegar a Michel Temer e aos ministros que fazem parte do núcleo de sustentação do governo provisório.
Do outro lado da avenida, no Congresso Nacional, luzes vermelhas piscam ao lado de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros. Ou seja o governo está erguido sobre bases podres. Pode ser implodido a qualquer momento. Se chegarem em Michel Temer o governo desaba.
Ao escarafunchar, chegaram também à cúpula do PSDB e a Aécio Neves, um dos homens do golpe, que parece estar sendo protegido, nas investigações, por um certo véu amarelo das instituições judiciárias e dos órgãos auxiliares (MPF/PF), enquanto ele serve como conspirador.
Porém, a gravidade das denúncias contra ele colocaram o judiciário numa saia justa que não dá mais para segurar. Aécio, que tinha microfones e câmeras a disposição, a qualquer momento, desapareceu dos holofotes.
A vida do ex-presidente Lula já foi virada ao avesso e não encontraram nada. Mas, como a articulação é para barrar a possível candidatura dele `a Presidência da República, o novo panorama que se descortinou nas investigações parece não interessar ao Ministério Público nem ao STF.