Respostas brilhantes

 

 

Digitalizar0016

Repto significa desafio e nada tem a ver com réptil, evidentemente. Mas, um vereador de Manaus não via diferença entre os termos. Um dia, ele aparteou outro vereador, Fábio Lucena, de maneira enfática: “Eu lhe lanço um réptil!”. De bate-pronto, Lucena reagiu: “Ah, é? Pois eu lhe lanço um batráquio!”

Tim Maia se internou num SPA para perder peso e pouco tempo depois fugiu da clínica. Quando um repórter quis saber como tinha sido a experiência, mandou:

– Cortei gorduras, açúcar e álcool. Em duas semanas, eu perdi 14 dias.

Estas duas historinhas fazem parte de uma primorosa seleção de respostas incríveis de grandes personalidades, reunida pelo jornalista e escritor Márcio Bueno em seu novo livro – Faíscas verbais: a genialidade na ponta da língua –, que acaba de chegar às livrarias.

Pelas suas páginas desfilam tanto personagens que produziram apenas uma faísca na vida (pelo menos conhecida) quanto diversos outros, pródigos em respostas inteligentes e surpreendentes, que desarmam completamente o interlocutor.

Em todo o livro, são mais de 500 frases impactantes produzidas por artistas, escritores, cientistas, esportistas, políticos, comunicadores, etc. Brilham nas páginas do livro figuras como Ary Barroso, Tim Maia, Chico Buarque, Nelson Rodrigues, Linus Pauling, João Saldanha, Romário, Jânio Quadros, Churchill, Brizola e diversos outros.

Apesar de bem humorada, a obra é leve e riquíssima do ponto de vista histórico. As frases são contextualizadas em diversos episódios em que estiveram envolvidos personagens da vida nacional e também internacional. Se o autor quis, a um só tempo, divertir e informar, mandou bem.

image

Por exemplo, antes de mostrar uma frase muito engraçada de Ary Barroso, Márcio Bueno mostra que ele tinha o hábito de salpicar as letras de suas músicas com palavras não usuais, como merencória, inzoneiro e zurrapa. Por não conhecerem as palavras, ou por não entenderem, os cantores as substituíam, nas gravações, por termos do cotidiano, o que deixava o compositor ensandecido. As mudanças, feitas, entre outros, por Francisco Alves e Aracy de Almeida, foram repetidas muitas décadas mais tarde por outros grandes artistas como Gal Costa e Luiz Melodia.

Embora seja difícil escolher, uma das frases mais faiscantes do livro é, sem dúvida, uma de autoria do brilhante tribuno, e ultraconservador, Carlos Lacerda. Quando deputado federal, ele discursava na Câmara taxando o presidente Juscelino Kubitschek, no mínimo, de ladrão. Um outro deputado o aparteou:

– Vossa Excelência é um ladrão da honra alheia.

Lacerda responde no ato:

– Se eu sou um ladrão da honra alheia, Vossa Excelência pode ficar inteiramente despreocupado, pois não há nada que eu possa lhe roubar.

Se fosse na internet, neste final apareceria aqui o link Leia mais. Como não é, e como trata-se da concretização de uma ideia originalíssima, só posso dizer: Compre o livro.

Relacionados