Eleições livres ou marcha do governo para os presídios

Cúpula do PMDB

O governo interino de Michel Temer sofreu dois baques devastadores nos últimos dias: o desgaste na abertura da olimpíada e as delações premiadas dos executivos da Oderbretch.

O golpe desembocou na olimpíada e se espraiou como uma onda levando para o mundo as agruras por que passa a democracia no Brasil.

Os chefes de Estado e demais autoridades internacionais viram com os próprios olhos o usurpador do poder, as cadeiras vazias que seriam de outros chefes de Estado, que não compareceram, a censura às manifestações “Fora Temer” e a repressão policial nas arenas com prisões ilegais.

As maiores redes internacionais de comunicação, que estão cobrindo as competições, levam para o mundo todo não só o noticiário sobre jogos, mas o escândalo do golpe.

É possível que os golpistas tenham calculado mal e subestimado a repercussão da situação política do Brasil. Podem ter avaliado que a cobertura do evento, pela sua grandiosidade, ofuscaria o noticiário político. No entanto, o mundo hoje sabe detalhes do golpe.

As delações envolvendo o interino Michel Temer e os ministros, da Casa Civil, Eliseu Padilha, com a recepção de propina em dinheiro vivo, tendo sido acertada nas dependências do Palácio do Jaburu, com o próprio interino; e de Relações Exteriores, José Serra, que recebeu dinheiro no exterior, mostram que o governo não aguentará o desdobramento das delações que estão por vir. É muito provável que toda a cúpula do governo caia nos próximos dias. Nos anexos das delações constam só autoridades do PMDB.

Temer usa como desculpa a reunião do G-20 para antecipar a votação, no Senado, do processo de afastamento definitivo da Presidenta Dilma. Mas o que ele quer mesmo é se antecipar às delações dos 50 executivos da Oderbretch. Se Temer foi ignorado na abertura da olimpíada, no G-20 a situação deve ser ainda mais constrangedora.

Em seu lugar, assumiria a Presidência da República o atual Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM/RJ, que tem um pedido do Ministério Público para que seja investigado por recebimento de dinheiro do escândalo da Lava-Jato.

Na verdade, Temer quer se livrar das investigações. Caso ele assuma definitivamente a Presidência da República, não poderá ser investigado. Só com autorização da Câmara dos Deputados. Então, está acontecendo uma ação entre amigos.

Enquanto a imprensa internacional leva detalhes do escândalo para o mundo, a imprensa familiar do Brasil não está considerando a gravidade dos fatos revelados nos últimos dias como deveria. Devido a isso, está virando notícia fora do Brasil por tentar blindar o governo corrupto que se instalou no Palácio do Planalto.

Mas não está conseguindo segurar a onda devastadora que se abateu sobre o governo nos últimos dias. Temer dá sinais claros que se esgotaram as condições dele permanecer no poder e cresce o movimento pela realização de novas eleições.

As próximas delações dos executivos da Ordebretch serão decisivas sobre o voto dos indecisos no Senado Federal.

Entre prosseguir com um governo que vê no horizonte algemas brilhantes e chamar o povo para debater e dividir a responsabilidade na construção da saída da crise, tudo indica que os senadores sensatos optarão pela segunda sentença e abandonarão o governo interino de Michel Temer, tendo em vista a gravidade das denúncias e o risco que representa a continuidade.  Ganha força a ideia de abstenção da votação entre os indecisos.

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