Bom dia Santiago!
Trinta e cinco anos depois, imaginei encontrar você assim mesmo: um dia de sol, céu azul sobre a cordilheira branca, outro nublado, cinza, da cor do mar do Pacífico, esse oceano de mistérios entre as costas das Américas e suas buscas; da Ásia e seu tempo ancestral; da Austrália e sua solidão insular; da Antártida e do Ártico, com suas noites brancas como a neve; dos Andes e sua história contida pela história oficial; e do deserto de Atacama, feito de céu, terra e tempo.
Oceano e montanhas que lhes dão frutos, versos, prosas, olhares, eternizados por Neruda, Gabriela Mistral, Isabel Allende, Patrício Gusmán, Violeta Parra, Victor Jarra, Salvador Allende e tantos outros que no los puedo contar.
Suas luzes se despedem da noite fazendo brilhar a água da chuva que tudo lava, que tudo renova em novos dias, muitos deles frios, mas cheios de esperança, de vontade de desvendar o sentido do que não faz sentido.
De andar se equilibrando entre a geografia e a história, como todo o mundo, sem esquecer de quem um dia violentou sua liberdade, lhe ultrajou, lhe feriu de morte, deixando marcas profundas que lhes atormentam até hoje.
Admiro você, Santiago, suas ruas e praças, por ter conseguido superar o tempo sombrio de sangue e lágrimas, sin perder la ternura, a delicadeza, a elegância. Sem esquecer nenhum dos que lhe fizeram assim, generosa, solidária, acolhedora.
Você será sempre lembrada por ter recebido e cuidado dos humilhados, dos ofendidos e torturados pelas ditaduras da América Latina, nos anos sombrios.
Pode ter certeza, sua generosidade está marcada na história de cada país hermano como tatuagem.
Você é grandiosa, Santiago!
Tu eres hermosa!
(*) No dia 27 de agosto de 2013, acordei em Santiago do Chile e escrevi no Facebook essa saudação à cidade.