Acidente esquisito
Muito esquisita a queda do avião no mar em Paraty, que matou o ministro Teori Zavascki. Quem vai nomear o substituto de Teori Zavascki é Michel Temer.
O novo ministro terá que ser sabatinado pelo Senado. Isso levará cerca de um ano. Enquanto isso, as delações serão suspensas até que o novo ministro tome posse.
Se continuarem achando que as desconfianças são “Teoria da Conspiração”, daqui a pouco vão querer banir a palavra “conspiração” dos dicionários, como se não houvesse mais conspiração no país. Virou tabu.
A hipótese de atentado não pode ser descartada às primeiras impressões. O país vive um momento conturbado, de alta tensão. Não podemos descartar nenhuma hipótese. Todos os órgãos de investigação têm o dever de investigar com extremo rigor esse caso.
A sociedade brasileira, por sua vez, também tem o dever de acompanhar as investigações com muita atenção.
O acidente aconteceu exatamente depois que a construtora Camargo Correa anunciou que fará a maior de todas as delações premiadas que envolve o maior número de políticos e de membros do Judiciário, segundo informações divulgadas recentemente.
Teori havia retirado o sigilo das delações feitas contra o PSDB e o PMDB, que implicava a cúpula dos dois partidos, inclusive o senhor Michel Temer e estava prestes a homologar delações de 77 executivos da construtora Oderbretch.
A Globo, em Brasília, ao dar as primeiras informações sobre o acidente, pra variar, ao se referir ao ministro como relator da Operação Lava-Jato, lembrou apenas do processo a cargo do ministro, que o ex-senador Delcídio Amaral, ex-filiado do PT, responde.
Se esqueceu de Romero Jucá, Moreira Franco, Renan Calheiros, Eliseu Padilha, de José Serra, Geddel Vieira Lima, o próprio Temer, e muitos outros, principalmente do mais delatado de todos, Aécio Neves, um dos conspiradores do golpe, junto com Temer e Eduardo Cunha.
A âncora Cristiane Pelajo, na Globonews, construindo a narrativa do caso, se esforçava para afastar qualquer hipótese de atentado, antecipava, na cara dura, que foi consequência de mau tempo. Isso não é jornalismo, mas novelização de interesses.
Teori Zavascki não se diferenciava tanto da posição dos demais ministros do STF em relação à deposição da ex-presidenta Dilma. Não enfrentou a violação das garantias constitucionais e do estado democrático de direito por procuradores e pelo juiz Sérgio Moro .
Mas, apesar disso, o acidente não deixa de ser esquisito.