Sandálias havaianas eram chamadas “sandálias japonesas”


Vi um par delas, pela primeira vez, amarelinhas, nos pés rosadinhos de minha irmã, numa fila de crianças, na cerimônia de posse do primeiro prefeito de Mortugaba.

Todo mundo notou a novidade. Muitas perguntas! Nem eu, queridinho dela, sabia da aquisição, guardada em segredo para o dia da festa. Um sucesso!

Ela trajava um vestido de renda, cor de rosa. As crianças, de uniforme azul e branco, enfileiradas numa praça de chão batido, empoeirada, debaixo de um sol infernal, com suor escorrendo pela testa e pelo pescoço, aguardavam os discurso, escritos por Lili. Ela tinha a verve do verbo!

Terminada a cerimônia, ao pegar a estrada para casa, ela tirou as “sandálias japonesas” e calçou uns sapatinhos de couro, de uso diário, feitos pelo meu pai.

Ele costumava dizer que Lili, apelido dela, andava na poeira, na lama, e não sujava os sapatos, tão sábia ela era ao pisar no chão. Na estrada, ela me deu as sandálias para ver. Fofinhas!

Nelas estava escrito a palavra “havaianas”. Não sei por que se chamavam “sandálias japonesas”. Coisas do sertão profundo.

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