Não acredito em Josias de Sousa

Lula e Dona Marisa

O colunista da Folha, Josias de Sousa, debulhou um rosário de palavras para construir essa história de que Lula se ofereceu para ajudar Temer e que no final da conversa ele havia dito: “é só me chamar”. Não acredito nisso.

O que se tornou público foi o telefonema de Temer a Lula, perguntando se ele o receberia para condolências. Lula concordou, assim como recebeu Fernando Henrique e muitos outros adversários políticos.

Aliás, quando Dona Ruth faleceu Lula foi ao velório dela dar um abraço de solidariedade em Fernando Henrique. Ele sabe muito bem separar a vida pessoal da política. Lula é assim.

Logo no início do artigo do sujeito, ele diz: “Em meio à tristeza, (Lula) encontrou disposição para fazer política.” Isso é de uma desonestidade sem limite.

E segue o rosário de frases, típicas de um inventor forçando a construção de uma verdade vazia, não confirmada.

Pessoas que estiveram ao lado de Lula o tempo todo disseram que ele estava muito abatido com a perda de sua querida Marisa, que não havia absolutamente nenhuma condição para tratativas políticas e que desconhecem esse diálogo.

Quem conhece Lula sabe que ele é, por natureza, muito emotivo e não é de misturar as frequências, ainda mais com um assunto tão inadequado como esse.

Se houvesse proximidade entre ele e Temer, para esse tipo de diálogo, conversariam por telefone em outro momento. Não num estado de dor. E mais, a chance disso acontecer é zero. O Brasil foi vítima de um golpe de Estado.

Josias de Sousa pode ter se aproveitado da oportunidade, de que Lula não iria respondê-lo à altura, agora, para ficcionar essa história e pedalar versões na imprensa que serve ao governo.

Não acredito em Josias de Sousa. Desconfio de sua honestidade intelectual no jornalismo. Prefiro acreditar nas pessoas que estavam ao lado de Lula.

Isso está parecendo armação do Planalto com a Folha.

Relacionados