“Chega de basta!”

 

 

Temer e quadrillha

 

 

 

Com esse e outros slogans,  bem humorados, o ator, roteirista e dramaturgo, J. Pingo tentou se eleger deputado federal por Brasília, logo após a Constituinte, em 1989, talvez cansado de bradar tanto “Basta”, na luta contra a ditadura.

Pingo, falecido em 2012, certamente diria, hoje: “Basta de lamentação!”  “Todos às ruas!”. Ninguém aguenta mais a decadência e a inércia do país depois do golpe.

Ficou claro como a luz do dia, que a operação Lava-Jato foi criada para destruir Lula, o PT, e derrubar Dilma. Agora, corruptos e autoridades judiciárias tilintam taças e talheres em pomposos jantares nos palácios de Brasília, e armam o desmonte das investigações.

O governo do usurpador Michel Temer já vai longe, se aproveita do vácuo da ressaca do golpe, e, em parceria com ampla maioria de parlamentares corruptos do Congresso Nacional, impõe ao país uma estúpida agenda do PSDB, de subtração de direitos dos trabalhadores e entrega do patrimônio público nacional.

Leva o Brasil à degeneração institucional, política e moral, a uma crise econômica e social gravíssimas, que podem precipitar uma rebelião social histórica.

A promiscuidade se estabeleceu sem o menor pudor, entre políticos, magistrados, procuradores, o próprio usurpador Michel Temer, ministros, parlamentares investigados e réus, que ocupam cargos na alta cúpula do governo, nas presidências da Câmara, do Senado e de importantes comissões das casas.

A cúpula do governo arquitetou uma desavergonhada operação para desmontar as investigações em curso e proteger políticos corruptos que conspiraram para o golpe de Estado. Temer teme Eduardo Cunha e se comporta como office boy do PSDB no governo.

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O Ministro da justiça, Alexandre de Moraes, a pedido de Temer, teve, como primeira missão após a posse, ir a Curitiba para uma conversa com o juiz Sérgio Moro. Não se sabe o que combinaram.

No final do ano passado, por ter se tornado réu, o Senador Renan Calheiros foi afastado da presidência do Senado pelo Supremo Tribunal Federal. Dias depois, o mesmo tribunal, sob a presidência da ministra Carmem Lúcia, se curvou ao réu, Renan Calheiros, e lhe devolveu o posto.

O ministro Gilmar Mendes, do STF, segundo a imprensa, participou de reuniões, na calada da noite, no Palácio do Jaburu, com o usurpador Michel Temer, mais autoridades delatadas, investigadas, e rés, em processos da operação Lava-Jato. Também não se sabe o que combinaram.

Após uma negociação que causou mau cheiro em toda a Praça dos Três Poderes, em Brasília, o deputado Rodrigo Maia, DEM/RJ, delatado, por ter recebido R$ 1 milhão em propina, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, em primeiro turno.

O Senador Eunício Oliveira, PMDB/CE, também delatado nas investigações por receber gordas propinas, foi eleito, com esmagadora maioria, presidente do Senado da República.

Michel Temer nomeou Moreira Franco ministro, na cara dura, para lhe dar foro privilegiado, tirar o processo das mãos do juiz Sérgio Moro e passar para o ministro Edson Fachin, relator no STF.

Indicado por Temer, para ocupar o cargo de ministro da Suprema Corte, na função de relator-revisor da Operação Lava-Jato, Alexandre de Moraes andou flutuando num luxuoso barco, no Lago Paranoá, em Brasília, em um jantar a bordo com políticos de reputação conhecida nas páginas policiais, para pedir apoio à sua candidatura ao STF. Não se sabe o que combinaram.

O Procurador-Geral, Rodrigo Janot, abre inquérito contra o Senador Romero Jucá e, dias depois, segundo a imprensa, é flagrado almoçando com ele num restaurante, em Brasília. Não se sabe o que combinaram.

Jucá & Janot

Romero Jucá, num telefonema gravado, em conversa com outro réu, Sérgio Machado, ex-presidente da Petrobras Distribuidora, disse, dias antes do golpe, que os caciques do PMDB teriam que derrubar Dilma para estancar as investigações.

Delegados da Polícia Federal são afastados da força tarefa que investiga corrupção das autoridades da cúpula do governo e transferidos para outros estados da Federação.

A associação dos delegados se rebelou, de forma corporativa, quer a saída do atual diretor e impor um novo dirigente à diretoria da Polícia Federal, que não se sabe a quem servirá. Comenta-se, nos bastidores, que o novo diretor seria uma indicação do Senador Aécio Neves, o parlamentar mais delatado na operação Lava-Jato.

Sérgio Moro, procuradores e policiais federais, desconsideram o trabalho dos advogados de defesa e continuam a caçada a Lula. Tentam, sem provas, condená-lo e impedi-lo de candidatar-se novamente à presidência da República. Na estratégia da Lava-Jato, tudo indica que a missão de Moro é essa.

Enquanto isso, a ordem social se esgarça, a violência explode nos presídios e nas ruas, quase três centena de mortos, presos decapitados, 144 mortos nas ruas de cidades do Espírito Santo, na greve de policiais, ou seja, um conflito com perspectiva de se alastrar por todo o país ao longo do ano. Um ano de demissões em massa de trabalhadores.

A degeneração institucional avança e atinge setores da segurança pública. A ordem social está por um fio. Funcionários públicos das forças armadas e policiais quando rompem a hierarquia e a disciplina viram bandos armados.

Ao mesmo tempo parece que o país anda hipnotizado pela mídia, assistindo à barbárie saltar das telas a borbotões e invadir casas e ruas, enquanto a imprensa senhorial NOVELIZA o governo, a tragédia, e esteriliza reações usando o medo como poderosa arma imobilizadora da sociedade.

“Chega de basta!”

Bem que o ano de 2017 poderia se transformar num ano de virada. Os dedos deviam desgrudar dos teclados, os olhos da TV, e núcleos de mobilização da sociedade se multiplicarem numa grande campanha por eleições diretas, para, enfim, retomar o país das mãos de tão podres poderes.

Afinal, o povo é responsável pelos destinos do próprio país. Os movimentos sociais aprovaram um calendário de mobilização para este ano. Vamos à luta!

https://www.brasildefato.com.br/2016/12/09/frente-brasil-popular-atualiza-plataforma-politica-e-convoca-jornadas-para-2017/

“Mais vale um pingo de esperança do que um mar de lama!”  

J. Pingo.

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