Esgotada agenda política do golpe
O juiz Sérgio Moro tentou com várias acusações, sem provas, conseguir uma forma de condenar o ex-presidente Lula. Não conseguiu.
Recuou na remarcação da data do depoimento em Curitiba e na própria exigência de acompanhamento, pelo ex-presidente Lula, das 87 testemunhas arroladas no processo. Agora quer negociar com a defesa.
Como não conseguiu nada, submete o ex-presidente a uma humilhação. Escolheu alguns itens entre os milhares de presentes que recebeu durante os dois mandatos e pediu para que fossem devolvidos à Presidência da República.
Com isso, o juiz Sérgio Moro alimenta a rede criada para o golpe, que vive atacando o ex-presidente, para dividir espaço na mídia com a repercussão da maior greve geral da história do país.
O juiz criou falsa expectativa de condenação e até de possível prisão do ex-presidente com pirotecnias de mídia, enquanto o golpe estava em alta. Porém os ventos mudaram.
A condenação sem provas pode não ser mais admitida pela imensa maioria da população, por ter ficado claro, na percepção popular, de que o ex-presidente Lula está sendo vítima de perseguição política.
A greve, cujos protestos se espalharam por pequenas cidades do interior, revelou um outro país, diferente do que a mídia e o governo têm mostrado. Ficou evidente que está acontecendo uma reviravolta com grande queda de apoio popular ao golpe, registrada em pesquisas de vários institutos, e a disparada de Lula para as eleições em 2018.
Com apoio de apenas 4% da população a Temer, o desemprego chegando a 14,2 milhões de trabalhadores e a recessão economica se agravando ainda mais, a tendência são as manifestações se ampliarem com radicalização e o país entrar em uma onda de paralisações e conflitos inimagináveis.
Não há como o pais caminhar com Temer, com denúncias tão graves contra ele, seu ministério e sua base de apoio no Congresso mergulhada em escândalos de corrupção, grande parte investigados, que deviam ter sido demitidos, como Romero Jucá e Geddel Vieira Lima.
Os componentes da crise são altamente explosivos. Todos os passos dados pelo governo, depois do golpe, foram em direção ao abismo. A população está sentindo isso.
Os sinais dados pelo Senado, de paralisação das tais reformas, demonstram esgotamento do espaço político para a agenda do governo, de subtração de direitos.
Soma-se a isso, a estratégia do movimento sindical de fazer chegar às bases dos parlamentares como votou cada um deles, nas reformas trabalhista e da previdência, entre outros projetos como o da terceirização, que causou, nos últimos dias, forte impacto na base do governo.
Temer é fruto de um golpe de estado. Não tem legitimidade muito menos popularidade para fazer o que está fazendo. Se apoiaram em Maquiavel para fazer o mal de uma só vez, deu errado.
O governo está acuado. Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, já fala em pautar a votação da cassaçao da chapa Dilma/Temer.
Pode estar sendo construída, nos bastidores, uma alternativa com eleições indiretas, aprovação de uma emenda constitucional para realização de eleições diretas com anuência do Supremo Tribunal Federal.
Que o povo seja chamado a dizer, nas urnas, qual destino quer dar ao país antes que seja tarde.
E que o juiz Sergio Moro não avance na injustiça, tenha grandeza, não seja o responsável pela centelha que pode incendiar o país e mergulhar a população na violência.
As urnas, a soberania popular, as autoridades de bom senso sabem, a democracia é o melhor caminho.