Da chapa quente do Senado saiu mais uma pizza

 

 

 

 

 

 

 

Entre o amanhecer e o anoitecer em Brasília, as mudanças climáticas e políticas estão oscilando entre o chão e o céu.

Está ficando quase impossível perceber o que vai acontecer.

Logo cedo, Aécio era dado como carbonizado na chapa quente do Senado.

Ao entardecer, o tempo mudou, uma brisa fresca soprada do Palácio do Planalto devolveu o pedaço do mandato ao sujeito, que havia sido tirado pelo STF

Na véspera, Temer jantou com Eunício Oliveira, presidente do Senado. O cardápio era uma pizza.

Aécio deve estar comemorando com os comparsas, numa balada qualquer em outros ares.

Com tantas provas robustas de crimes, o STF deveria ter mandado prender Aécio. Não comer um pedaço do exercício do mandato. Mas, Carmem Lúcia preferiu enrolar bobys no cabelo e ir ver novela da Globo. Página virada.

Tudo bem que se tratava de uma votação na qual o Senado estaria reavendo suas prerrogativas. Mas imagine a cena dos senadores governistas diante de Aécio, na sessão da tarde.

Fez-me lembrar de uma outra cena, do então Ministro das Comunicações do governo José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, na famosa CPI da NEC, que investigava um escândalo envolvendo o empresário Mário Garnero.

No depoimento de ACM na CPI, ele colocou sobre a mesa uma pilha de pastas com dossiês sobre a vida pregressa de todos os membros da Comissão.

Quando os deputados faziam perguntas para ele, ele recorria à pasta e começava a ler coisas sobre a vida do sujeito, como processos na justiça, quanto recebeu de verba para campanha eleitoral, e por aí afora.

Aos poucos deputados que tinham rabo preso iam saindo da sala, de fininho, e sumiam. A reunião foi esvaziada. Ficaram só os aguerridos, que não deviam nada e enfrentavam ACM, ele de dedo em riste, falando como coronel que era.

Imagino que os 44 senadores que seguiram Aécio na votação que restituiu o exercício do mandato dele devem ter votado com o rabo entre as pernas, sob o olhar severo do rei do golpe.

Afinal, não estavam diante de qualquer um, mas de alguém que deve ter muito dinheiro em caixa e muitos créditos em favores.

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