Justiça argentina condena 54 criminosos da ditadura à prisão perpétua
Uma grande nação tem a justiça como valor sublime da democracia.
Argentina dá lição ao Brasil e condena à prisão perpétua 54 responsáveis pelos chamados “vôo da morte”. Isso 40 anos depois do fim da ditadura militar (1976-1983).
No período sombrio, foram estupidamente assassinadas mais de 4.000 pessoas. Até crianças foram sequestradas e torturadas.
As 789 vítimas dos “vôos da morte” foram drogadas e atiradas ao mar em ações barbaramente planejadas por militares da Escola Superior de Mecânica da Armada.
O compositor Herbert Viana disse, certa vez, que o pai dele, que era da Aeronáutica, contou que os militares brasileiros também fizeram “vôos da morte”.
A música Lanterna dos Afogados, feita por ele, é sobre as pessoas atiradas ao mar pelos fascínoras daqui.
Na Argentina, os crimes praticados pelos militares, no período da ditadura, não prescrevem.
O exemplo da Argentina para o mundo, do julgamentos de criminosos do regime militar, foi deixado pelo ex-presidente Raul Alfonsín, eleito em 1983, com o fim da ditadura.
Ele enfrentou os militares, determinou investigações, abriu processos e encaminhou os envolvidos aos tribunais.
Depois dele, os governos de direita deram indulto a muitos condenados.
Mas os governos Kirchner retomaram os trabalhos feitos por Alfonsín.
Foram chamadas para depor mais de 800 pessoas envolvidas.
Já existem 449 criminosos presos, 553 em prisão domiciliar e mais 420 processados aguardando julgamento.
O apoio internacional foi fundamental para a condenação dos criminosos. Desde a localização dos foragidos, pela polícia de vários governos, ao apoio político de vários países .
Isso demonstra que grupos como esses teriam muita dificuldade hoje para fazerem o que fizeram.
No Brasil, foi aprovada a Lei da Anistia, em 1979, e o Supremo Tribunal Federal, pra variar, decidiu barrar julgamentos penais contra assassinos e torturadores do período da ditadura.
Aqui, reina a impunidade e um judiciário fuleiro, de magistrados e procuradores rastaqueras, de hábitos monárquicos.