A Constituição precisa ser brandida como arma poderosa contra a ilegalidade

 

 

 

A banda do judiciário que se arvorou no comando do golpe de estado vê-se agora com suas mazelas expostas. O pecado original da “justiça dos brancos” , dos pelourinhos, está na praça, todo mundo pode ver.

 

O juiz Sérgio Moro, com sua obsessão e torpeza, criminaliza a política, arrastando o país para o desmanche institucional. Ideologicamente colabora com a consolidação do poder selvagem do mercado na governança da sociedade, com seus códigos empresariais de negócios socialmente predatórios e aproxima o Brasil ainda mais da barbárie.

 

O episódio da insurgência do juiz Sérgio Moro e de desembargadores do TRF-4 contra a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Lula, garantido pela Constituição Federal, e a instauração de processo contra o desembargador Rogério Fraveto, pelo Ministério Público, deixaram evidentes os objetivos políticos da operação Lava-jato.

 

Por mais que a mídia oligárquica e partidária, com seus âncoras e comentaristas eletronicamente encabrestados, tente inverter os sinais dos fatos, para desfazer a lambança do juiz Sérgio Moro e dos desembargadores do TFR-4, ficou evidente que a finalidade da prisão do ex-presidente Lula é impedi-lo de ser candidato.

 

A percepção popular de que o ex-presidente Lula está sendo perseguido foi ampliada. No plano internacional essa mesma percepção foi reforçada, culminando com a decisão da Fundação Internacional de Direitos Humanos de conceder o status de preso político a ele, o mesmo status concedido ao ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela,  mais as declarações de chefes de Estado e autoridades estrangeiras em apoio ao ex-presidente.

 

Os agentes da operação Lava-Jato estão se embaraçando no próprio liame político que criaram, deixando claro que se trata de uma articulação política de grupos partidarizados dentro do judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal para ações de perseguição a uns e proteção a outros. Apesar das provas dos crimes nas mãos de procuradores e magistrados, tucanos não são conduzidos para depor nem são presos.

 

O fracasso político e econômico do projeto do golpe de estado, do qual a operação Lava-jato funciona como esteio, está levando o Brasil a um impasse.

 

Dois anos se passaram, a dívida bruta saltou de 69% do PIB para 77%, o país está sem investimentos públicos (congelados por temer, por 20 anos) nem privados. A taxa de investimento recuou mais de 50%, a fuga de capitais bateu R$ 10,99 bilhões no primeiro semestre de 2018, superou a da crise de 2008, e o desemprego estrutural atinge 13,8 milhões de pessoas.

 

O país está há três meses das eleições, as forças políticas que deram o golpe de estado e o sustenta não consegue um candidato que defenda o governo nem tem projeto para apresentar. Enquanto isso, o líder isolado das pesquisas está preso, refém da ilegalidade.

 

As urnas esperam a escolha de qual caminho o país deve seguir: continuar com o desastre do golpe de estado, com o regime de exceção nas mãos de grupos políticos encrustados no judiciário, ou restabelecer a democracia, a legalidade do estado democrático de direito, e a retomada do projeto de desenvolvimento sustentável com inclusão social.

 

Tendo em vista a gravidade da situação, os setores democráticos e legalistas do judiciário e dos órgãos auxiliares, no Supremo Tribunal Federal e em outras instâncias judiciárias e do Ministério Público, deveriam sair da toca, vir a público afirmar o compromisso cidadão com a democracia, com o país e com a justiça, e liderar, em parceria com a sociedade, com as entidades civis, universidades, intelectuais, juristas, e outras categorias democráticas, uma campanha nacional pela restauração da legalidade, pelo respeito à Constituição e pelo restabelecimento do estado democrático de direito. Os governadores e prefeitos progressistas poderiam colaborar.

 

Nessa campanha, peças publicitárias de esclarecimento à população sobre as garantias constitucionais e a justiça como o mais importante bem da democracia deveriam ser produzidas e amplamente divulgadas. A Constituição precisa ser transformada em símbolo e brandida como poderosa arma contra a ilegalidade.

 

O projeto de lei sobre abuso de autoridade, aprovado no Senado, precisa ser pautado e votado na Câmara para episódios vergonhosos como o do TRF-4 sejam coibidos.

 

Os absolutistas responsáveis pelo caos institucional, seguidores da “teoria do domínio do fato” , que insistem na violação sistemática das garantias constitucionais precisam ser contidos numa reforma do sistema judiciário brasileiro, para que o estado democrático de direito seja restaurado e preservado para as gerações futuras. Abaixo o despotismo!

 

 

 

 

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