Sérgio Moro: de cereja do bolo do governo Bolsonaro ao impiedoso descarte
Sérgio Moro fugiu da verdade nua.
Certamente num delírio narcísico, se entregou à volúpia de achar que tinha o Brasil a seus pés. Pediu até demissão do cargo de juiz. Achou que seria presidente da República num estalar de dedos.
Aceitou ser ministro de Bolsonaro como cereja do governo. Não entendeu que no governo não cabia dois candidatos à presidência da República. Acabou se demitindo, numa cena humilhante.
Com a demissão, tentou fazer de Bolsonaro guindaste para alçar sua candidatura, mas a imprensa do poder econômico, que usou e abusou dele e da Lava-jato para tentar destruir o PT e o ex-presidente Lula, deixou-o no relento, como um cão depois da caça, abandonado pelos caçadores.
Descartado, Moro vai morar nos Estados Unidos exatamente no momento em que processos contra o ex-presidente Lula estão sendo arquivados por falta de provas.
Não só isso, a ação de suspeição contra ele, quando juiz da Lava-jato, deve ir para as mãos do futuro ministro do STF, Kassio Nunes, que se diz garantista. Bolsonaro, que é um pote até aqui de mágoas, causa dúvidas e calafrios em Moro, sobre o que espera por ele no STF. Isso pode ter feito com que ele apressasse a arrumação das malas para sair do país.
Deltran Dallagnoll também saiu de fininho, alegando problemas familiares. Mas não é apenas por esse motivo. Ele desapareceu da mídia porque o serviço que era para ele e outros capatazes da Lava-jato fazerem para a Casa Grande acabou.
Os processos forjados, Power Point exposto numa coletiva à imprensa, acusando o PT de ser uma organização criminosa e o ex-presidente Lula “chefe da organização”, com base em “convicções ” pessoais, como ele disse, a prisão do ex-presidente Lula e o impedimento dele ser candidato à presidência da República, foi o ápice da tarefa dos integrantes da Lava-jato. Queiram ou não, esses episódios já estão afixados na parede da história do Brasil.
Os processos contra Dallagnoll se avolumam e ele pode sofrer um revés, por formular denúncias contra inocentes, sem provas, e imputar crimes com base em “convicções” pessoais.
Os processos, antes no âmbito do Conselho Nacional do Ministério Público, que mais parece um departamento de defesa corporativa dos procuradores, estão sendo abertos em instâncias do judiciário.
O procurador Carlos Fernando, o fanfarrão, que acusou o PT de querer acabar com a Lava-jato e viu Bolsonaro dizer, com toda pompa, que ele acabou com a Lava-jato, também sumiu, se aposentou, não é mais nada na vida pública.
Enfim, todos sofrem agora do mesmo infortúnio: o descarte, o caminho para o ostracismo. O poder econômico é cruel. Usa descarta e segue em frente cuidando dos negócios das suas corporações nacionais e transnacionais.
Uma lição para quem vende a alma ao diabo.