O governo Bolsonaro não tem projeto estratégico para tirar o país da crise nem rede de proteção social

 

Quem viajou para cidades pequenas, próximas de Brasília, viu muitos outdoors de Bolsonaro  espalhados pelas estradas, com exaltação a ele e a seu governo.

Soube que isso está sendo feito em todo o país e que os outdoors são bancados por empresários, principalmente do agronegócio, e grandes comerciantes, para influenciar nas eleições municipais e nas futuras eleições em 2022.

O desespero é grande, eles sabem o que os aguarda mais adiante. A realidade vai bater na porta e o governo vai perceber que as ideias de Paulo Guedes são superadas, e que o mercado não é panacéia para resolver o agravamento da crise do país, que atinge de forma cruel os de baixo.

A fuga histórica de capitais das bolsas nos últimos meses  é o sintoma mais evidente da tragédia econômica e social que se avizinha.

O governo não funciona, é titubeante, está imobilizado pelo liame ideológico neoliberal de Paulo Guedes. O Brasil está vivendo, talvez, a maior crise econômica de sua história e o governo não têm um projeto estratégico para tirar o país da crise nem gente capaz de liderar o debate.

Até agora, apenas balões de ensaio e muitas  entrevistas coletivas sem que nenhum plano estratégico tenha sido apresentado. Apenas o programa Renda Cidadã, que veio na esteira do Auxílio Emergência, mas nem isso se efetivou porque Paulo Guedes e Bolsonaro, e seus convertidos ao neoliberalismo ortodoxo,  admitem mexer no teto de gastos, a herança maldita deixada por Michel Temer.

A tragédia ambiental instigada pelo próprio governo, com flagrantes criminosos  de fazendeiros ateando fogo nas reservas e parques na Amazônia, no Pantanal e noutras regiões do país, madeireiras vendendo a floresta em toras, garimpos em terras indígenas, expôs ao país e ao mundo a estupidez do governo  e de seus aliados, com consequências danosas na política externa do país.

Por outro lado, atrelar o Brasil incondicionalmente aos Estados Unidos governado por Donald Trump, de forma subalterna aos interesses econômicos e políticos do governo  norte-americano, em disputa hegemônica com a China e a  Rússia, certamente terá também consequências imprevisíveis com a possível derrota de Trump nas eleições deste ano.

Não há mais dúvida de que Bolsonaro foi eleito  para garantir  negócios de bancos, das mega corporações nacionais e transnacionais, como gerente de interesses externos. Bolsonaro e Paulo Guedes se apressam para a entregar as 17 empresas estatais, entre elas a Petrobras e a Eletrobrás, empresas estratégicas para o desenvolvimento do país.

Às exportações de produtos do agronegócio estão batendo recordes de volume e de lucro, por causa do dólar nas alturas, elevado pela fuga de capitais,  e inflacionando o mercado interno.

Mas os preços nos supermercados também disparam, principalmente da cesta básica, (arroz, óleo, massas, carne, ovos e outros produtos).  Estão trazendo de volta à inflação, mas para os pobres, que é quem mais sofre com os elevados preços dos produtos de primeira necessidade.

A situação é tão grave que o mundo foi surpreendido com a  recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que os governos providenciem investimentos públicos para construir a saída da crise.

Quem diria! O FMI foi o algoz dos governos que usavam o Estado como indutor do desenvolvimento, nas últimas décadas. Para conseguir empréstimos do Fundo teriam que entregar empresas estatais. Até reservas de petróleo, como aconteceu com o México nos anos 90, na grande crise financeira mundial.

O próprio mercado sabe que não têm governo para enfrentar a crise. Por isso retira os investimentos daqui para aplicar em países de governos confiáveis. O fato de não ter um projeto estratégico para tirar o pais da crise e o imobilismo do governo é a causa da incerteza e da retirada de investimentos das bolsas.

A propaganda, por mais massificada que seja, certamente não dará conta de segurar o baque na economia nem na tragédia social prevista .

 

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