Militar de farda não bate continência para militar de pijama.

A cúpula da ativa virou as costas para Jair Bolsonaro. Ele sentiu o abandono e o baque da instalação da CPI do Genocídio. Está só, apenas com suas bravatas.

Até a equipe econômica de Paulo Guedes, seu porto seguro, está se desfazendo. Técnicos estão pedindo demissão, antes que a casa de vidro caia. O que será dele sem Paulo Guedes?

A CPI convoca o governo  para depor diante das câmeras. Será despido peça por peça, para todo o mundo ver. Em menos de dois meses o governo estará desmascarado, liquidado.

Já que não conta com apoio da cúpula dos oficiais da ativa, Bolsonaro recorre até ao Clube Militar, uma casa de egressos senis da ditadura, para pedir pelo menos uma nota de apoio. Ganhou uma daquelas típicas da caserna. Uma pregação a esmo.  O pouco que lhe restou.

Bolsonaro sabe que a CPI é o abismo, que seus crimes o colocaram na marca do descarte, que ele está pendurado no Centrão, e  que o Centrão o abandanorá num estalar de dedos, quando as pesquisas de opinião apontarem queda de apoio popular abaixo de 20%. É tradição da Casa. Aí vem o pior pra ele: o impeachment.

Ele sabe que sua cabeça está encomendada, que ele e sua equipe não têm condições mínimas para enfrentar a grave crise econômica, social e política do país.

Em Brasília já se fala em Mourão, com ampla reforma ministerial. Trocaria Damares, Ricardo Salles e outros furúnculos do governo, por uma equipe de profissionais da “direita perfumada”, para “salvar o projeto neoliberal,” alinhar com o governo Biden, criar novo ambiente para as eleições e construir um candidato.  É isso que tem vazado das paredes da Praça dos Três Poderes e da Faria Lima, em São Paulo.

Até o homem do posto ipiranga, que anda na contramão da história, seria demitido, trocado por um perfil Armínio Fraga, André Lara Rezende, mais alinhado com o que tem defendido o FMI e outras agências internacionais, de ampliação dos investimentos pelo Estado, para enfrentar a grave crise econômica. Pelo menos que possa recuperar o diálogo internacional e tirar o país do isolamento.

Em posição oposta ao que defende o fundamentalista Paulo Guedes, Joe Biden vai ao Congresso dos Estados Unidos anunciar um pacote de U$ 1,8 trilhão de investimentos de recursos públicos, com prioridade na Educação, e aumento de impostos para os americanos mais ricos.

Aqui, ninguém aguenta mais o preço da gasolina, do querosene, do óleo diesel; teto de gastos com cortes de recursos até da saúde, em plena pandemia; inflação e dólar nas alturas; fuga de capitais, queima de reservas; em plena crise, o país vê minguar investimentos públicos e privados. Ou seja, não dá mais.

Os prejuízos das grandes empresas com a queda do valor das ações nas bolsas são imensos. O governo não tem um plano para tirar o país da crise nem dialoga com o empresariado, muito menos com os trabalhadores, que são os que produzem.

Agora chegou a conta do negacionismo, da omissão e da sabotagem das ações dos profissionais de saúde no combate à pandemia. O vírus se alastrou, chegou à elite, e já matou mais de 400 mil pessoas. A economia afunda, o desemprego estrutural cresce e a fome se alastra.

O tal “mercado”, que Bolsonaro tanto defende, aparentemente sem saber ao menos o que é,  é cruel. Usa e descarta como qualquer produto.

O desastre nacional causado pelo governo transbordou as fronteiras do país, ameaça o mundo. O Brasil está isolado e Bolsonaro também.

Finalmente forma-se o consenso, na maioria das autoridades, de que o governo tem que ser investigado, os responsáveis penalizados e Bolsonaro demitido.

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