“Política é como núvem “

A presidenta do Podemos, deputada Renata Abreu, defende a candidatura Moro, mas admite que o partido pode apoiar outro candidato da terceira via.

Que tal?

Quando pediu demissão do cargo de juíz para ser ministro do Bolsonaro, Moro não se deu conta de que os dois candidatos não cabiam no mesmo governo: ele e Bolsonaro. Deu demissão, óbvio.

Ele pode ter usado Bolsonaro como guindaste para alavancar sua candidatura e tirar dele o voto lavajatista.

Mas não me parece que Moro tem inteligência política suficiente para estratégia tão ousada.

E mais, ao ser ministro do Bolsonaro, ele se entregou como juiz parcial, que agiu politicamente na perseguição contra Lula e o PT, forjando processos falsos. Como foi confirmado pelo STF e por outros tribunais.

A credibilidade de Moro desmoronou no meio dos que acreditavam que ele era novidade no combate à corrupção.

Ficou evidente que Moro é uma fraude. Não se viu mais falar em convites para palestras em universidades e outras instituições.

No pico da Lava-jato, com prisões armadas com TVs, ele não dava conta de tantos convites para palestras e homenagens. Ganhou até um troféu da Globo, das mãos dos Marinho, por serviços prestados.

Moro, candidato dos militares e da Globo, e Bolsonaro, que quer a morte da Globo e está na linha do descarte, vão se estraçalhar na luta pelo segundo turno. É caso de vida ou morte. Eles sabem dos processos que vão responder e das algemas brilhantes que os esperam, caso não consigam foro privilegiado.

Dória, talvez nunca tenha pisado no chão da Paraíba, mas está agindo como mineiro, na surdina. Conversando com empresários e banqueiros, se colocando como gente de casa, de mais experiência para governar, quem sabe fazendo caixa para a eleição.

Alguem sabe dizer quais as alianças que o Podemos, partido do Moro, está fazendo nos Estados, para eleições de governadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores?

Moro que se prepare, se é que será mesmo candidato. Dória vem aí feito bicho papão, pode estar turbinado de grana.

A declaração da presidenta do Podemos soou como um recado de que a sigla pode estar à venda no mercado eleitoral selvagem.

Em período eleitoral, certos partidos viram balcão de negócios. As alianças partidárias costumam ser firmadas com base no dinheiro para financiar candidaturas. Só os inocentes não sabem disso.

O orçamento secreto tem cara de ter sido negociado já na eleição do Artur Lira para presidência da Câmara. Ele bloqueou o impeachment e aprovou toda a pauta do governo, com louvor.

Um dos pontos da pauta, o orçamento secreto, de R$ 17 bilhões, de emendas do relator, que renderia dinheiro para a base partidária do Bolsonaro, está pendurado numa decisão do STF, que exige transparência nos gastos públicos. Sem isso não há liberação das emendas de relator.

O orçamento secreto foi feito exatamente no ano véspera das eleições para os recursos serem liberados no ano eleitoral.

Mas os deputados não estão seguros de que terão acesso ao dinheiro para favorecer suas candidaturas.

Há muita incerteza em relação às candidaturas à Presidência da República no campo da direita. O mesmo acontece em relação às alianças nos Estados.

Em breve vamos ver novo cenário político-eleitoral. Como dizia a raposa política mineira, Magalhães Pinto: “Política é como nuvem. Você olha, ela está de um jeito. Olha de novo, ela já mudou… ”

Se a canoa não virar, Moro vai dividir os votos lavajatistas com Doria.

Moro é súdito! É da Globo!

Doria é aquele moço que parece ter caído do outdoor, de um anúncio de creme dental.

Ganhou as prévias do PSDB, um partido em estado terminal, mas não está morto. Pode estar arrecadando dinheiro, para as alianças.

Há problemas com as torneiras do governo federal e com o agravamento da crise econômica: recessão, fuga de capitais, dólar, gasolina e gás, nas alturas, inflação e desemprego em massa.

As perguntas que devem ser feitas são: quais seriam as equipes de governo do Moro e do Doria, e quais seriam os planos de governo para tirar o país da profunda crise econômica, social e política? Quanto a Bolsonaro, já se sabe que Paulo Guedes é um negacionista, fundamentalista, inimigo do Estado, que acha que o “mercado”, as empresas, vão resolver os problemas da crise.

Estamos a pouco menos de um ano das eleições. Para o tempo político, uma eternidade. Tudo pode mudar de lugar. O cenário nem foi montado.

A ver.

TAGS

“Política é como núvem “

TAGS

Relacionados