“Mais forte são os poderes do povo!”


O rádio, o telefone, são extensões da nossa boca e dos nossos ouvidos. Com eles, falamos e ouvimos. A pessoa pode estar do outro lado do mundo.

A câmera, extensão dos nossos olhos. Leva nosso olhar por aí, para ver imagens até os confins do planeta.

Os telescópios e os microscópios, também extensões dos nossos olhos, nos mostram galáxias, astros e seres minúsculos, partículas, quase nada.

O computador, extensão do nosso cérebro, faz operações antes possíveis apenas por ele. Depois dos algoritmos, veio o celular. Os algoritmos mexem até com nossos sentimentos. Nos fazem rir, chorar, até sentir amor, ódio.

A alavanca, extensão dos nossos músculos. Depois dela, inventamos a mecânica, as máquinas para trabalhar por nós.

São extensões das nossas pernas, para nos levar a qualquer parte do mundo, até a alguns cantos do espaço sideral: bicicleta, moto, carro, avião, navio, foguetes e naves espaciais.

Todas as extensões foram feitas com as mãos. Mãos que transformaram os elementos da natureza em tudo que foi construído com o trabalho. Desde o tijolo da casa à nave espacial. Tudo feito pela mão e pelo trabalho.

O problema é que a natureza, a tecnologia e o trabalho foram apropriados pelo capital e transformados no abstrato “mercado”, lugar cruel onde moram a exploração e o lucro.

É no “mercado” que se constrói, com a injustiça, a pirâmide da desigualdade, formada pela pobreza e pela opulência extremas.

Os grandes capitalistas estão no topo da pirâmide, com a montanha de dinheiro arrancada com a exploração de quem trabalha e com o lucro.

São proprietários do mundo. Têm forças armadas para proteger a lei e a ordem capitalista, o “paraíso da liberdade” deles e a opressão dos despossuídos.

No vai e vem da vida, tudo isso é considerado “normal”, definido com aquele “é assim mesmo”.

Mas não há somente resignados, sonâmbulos. Há os acordados, os rebeldes, aqueles que chacoalham a pirâmide social com fúria.

“Mais forte são os poderes do povo!”. Essa frase, gritada por Corisco, no filme Terra em Transe, do cineasta baiano Glauber Rocha, é um chamado para a rebelião.

O filme expõe a injustiça, a exploração do homem pelo homem, a luta de classes, a desigualdade social e como os magnatas tratam os despossuídos.

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