Rinha humana

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Até agora a luta MMA  produziu lesões corporais graves, como a fratura da perna de Anderson Silva e em outros lutadores, mas, que se tem conhecimento,  nenhuma morte.

O que farão as autoridades quando ocorrer um assassinato decorrente de um golpe fatal, diante dos olhos da platéia e dos telespectadores? O assassino será preso em flagrante?

A Constituição Federal e o Código Penal são claros quanto a homicídios de qualquer natureza.

Essa de que entra no ringue quem quer, que as pessoas são livres, é uma hipocrisia. Quer dizer que esse mesmo princípio vale para o aborto, a eutanásia, o suicídio e o uso de drogas?

A tarefa está com o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal, o guardião da Constituição, que precisam se pronunciar sobre o direito difuso.

Tomando como base o princípio do livre arbítrio, os organizadores desse “esporte” podem entender que deve evoluir para o uso de facas ou sabres, como no tempo dos gladiadores. Tudo bem?

Guardadas as devidas exceções, quem assiste a essa modalidade de luta quer ver sangue, mais sangue, como nos Coliseus. Isso não seria medieval, uma barbárie?

Classificaram essa luta sanguinária como esporte para regulamentar a rinha humana e com ela ganhar muito dinheiro. Rinha de galo, de cães e de outros animais são proibidas por lei e a rinha humana não?

A sociedade do espetáculo está indo por caminhos sombrios. O culto à violência está levando muita gente às academias e às lojas de tatuagem para ficar cada vez mais parecida com os lutadores de MMA. Junto com isso, joguinhos eletrônicos de extrema violência ajudam na formação da identidade do personagem e a turbinar a performance nas cenas urbanas.

O que teria a dizer os estudiosos da Psicologia, da Sociologia, da Filosofia, da Antropologia? Não vão se pronunciar? Só depois do primeiro cadáver nas telas de TV?

Pessoas que gostam de assistir a esse espetáculo se dizem, às vezes, ecologistas, protetoras dos animais, até apoiaram, por exemplo, ações como a da libertação de cachorrinhos da raça Beagle, de um laboratórios de pesquisa em São Paulo, como uma ação humana.

Muitos rapazes musculosos e tatuados com seus Poodles numa coleirinha passeiam por aí, mas não perdem sequer uma luta. Esquisito, não?

Junto a esse movimento, algo de intolerância, de violência extrema, está aflorando na sociedade, que nada combina com a harmonia, a paz e a solidariedade desejada pela imensa maioria da população.

Ao Greenpeace, ao WWF e tantas ONGs que atuam na busca da paz, do fim das guerras, na preservação da natureza, na proteção dos animais, fica a convocação : que “vão ao Ártico” e continuem nos seus propósitos, como fizeram os 26 militantes do Greenpeace, entre eles a brasileira, Ana Paula Maciel, mas não ignorem o que está acontecendo aqui. Um ser humano pode matar outro diante dos nossos olhos, nas telas de TV.

O MMA está sendo tolerado por que é movido por milhões em negócios. Não só as empresas patrocinadoras ganham; as empresas de comunicação também engordam seus caixas.

Perguntar não ofende: será que alguma ONG pacifista, ambientalista recebe contribuição de alguma das empresas que patrocinam o MMA? Aos jornalistas “investigativos” de plantão vale conferir e informar quem ganha e quanto com a rinha humana.

Caso as empresas patrocinadoras dessa barbárie sejam clientes da TV, do rádio, do jornal ou da revista, provavelmente ninguém ficará sabendo, por razões óbvias.

O que diriam Mahatma Gandhi, Dalai Lama, John Lennon, Nelson Mandela, os Prêmios Nobel da Paz, enfim, todos os pacifistas do mundo, sobre as rinhas humanas?

Um 2014 de paz, harmonia, solidariedade, e felicidade para toda a humanidade!

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