Gerentes de negócios da colônia

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A renúncia de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara foi articulada atrás das cortinas de uma peça grotesca que se encena em Brasília, para esconder o balcão de negócios que se estabeleceu no Palácio do Planalto na tentativa de efetivar o afastamento definitivo da Presidenta Dilma e entregar o Pré-Sal, a jóia mais preciosa de Pindorama, disputada por empresa petroleiras dos colonizadores.

O Brasil entrou para a geopolítica do petróleo. Nosso petróleo está sendo tomando sem guerra, com os militares longe do golpe. A tomada do petróleo do Brasil ficou por uma pechincha.

Precisaram apenas de Eduardo Cunha e Michel Temer para fazerem o serviço, um Congresso de maioria corrupta, e um povo desavisado que foi às ruas vestidos de amarelo bradar contra a corrupção.

Vai jorrar muito dinheiro dos poços de petróleo nos fundos do galinheiro do Sítio do Pica-pau Amarelo. As petroleiras estrangeiras e os rentistas vão levar tudo.

Tucanos como Gustavo Franco, Percio Arida, Arminio Fraga, Lara Rezende e outros, membros da equipe econômica privatista do governo Fernando Henrique, gente que vive de grandes negócios, gerentes de interesses externos, rentistas de mega corretoras de ações em bolsa, devem estar esfregando as mãos para entrar na privataria do patrimônio público, das maiores riquezas do país, e das estatais estratégicas para o desenvolvimento.

Deputados, senadores, ministros, provavelmente vão levar um troco pelos serviços prestados aos colonizadores de Pindorama.

Diante das TVs, dos rádios, da Internet, ou lendo jornais e revistas de fim de semana, golpistas vão comemorar, aplaudir dizendo que as privatizações irão acabar com a corrupção. Esse discurso está forte nas tribunas eletrônicas das praças das redes sociais.

Na Presidência da Câmara ou fora dela, Eduardo Cunha manda do mesmo jeito, comanda a malta de chacais da lamacenta sessão da Câmara, do dia 17 de abril.

Não há no Congresso ninguém melhor talhado do que ele para fazer o serviço sujo do governo. Ele se comporta como o gerente dos gerentes dos negócios das grandes corporações nacionais e internacionais, no Congresso Nacional.

Temer age como se fosse um office-boy dele. Os encontros clandestinos, dos dois, nas brumas das noites à beira do Lago Paranoá, em Brasília, demonstram que as negociações vão de vento em popa.

Além da conspiração para afastar Dilma, Eduardo Cunha articulou o Centrão, tudo indica que ele está comandando a eleição do novo presidente da Câmara para manter a base de Temer unida. Uma base que come na mão dele ou comerá na mão de seu preposto, para aprovar a pauta do golpe.

A manobra dos dois para salvar Eduardo Cunha foi tramada na cara dura com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Osmar Seraglio, PMDB-PR, o mesmo deputado que foi relator da CPI dos Correios, em 2005, que condenou José Dirceu no relatório da comissão e entregou-o às feras para cassação do mandato, sem nenhuma prova.

Eduardo Cunha vai ver aprovada a pauta do golpe, de privatização das empresas publicas e de desmonte das políticas de Estado construídas nos governos Lula e Dilma, da mesma forma que ele viu unida a base do governo na aprovação do projeto de lei do senador e ministro de relações exteriores, José Serra, na comissão, que retira da Lei sancionadas pela presidenta Dilma, o controle da Petrobras, da produção de petróleo do Pré-sal, e entrega a petroleiras estrangeiras.

Há suspeitas de que a visita do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ao Juiz Sérgio Moro, recentemente, foi uma articulação de Eduardo Cunha com Michel Temer, tendo em vista a iminência do pedido de prisão de Cláudia Cruz, esposa, e da filha, Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, milionárias na Suíça.

Cunha entrou em pânico. Certamente as prisões com possíveis delações premiadas levariam ao chão o governo Temer. Nenhuma autoridade judiciária nem policial põe a mão em Eduardo Cunha nem em ninguém da família dele, nem em ninguém da cúpula do PMDB que está no governo e no Congresso.

São 15 ministros investigados e cerca de 200 parlamentares em listas de propina. Os privatistas e Michel Temer precisam de Eduardo Cunha no Congresso para fazer o serviço. Sem o cargo de Presidente da Câmara, o golpe fica mais branco e ele pode reinar nos bastidores.

No Senado, Renan Calheiros corre contra o tempo para aprovar o projeto de lei que trata do abuso de autoridade e muda a lei da delação premiada. Ele anunciou que quer aprovar o projeto até dia 13 de julho, antes do recesso.

Ou seja, instituições da República estão sendo mobilizadas para proteger o réu Eduardo Cunha, sua família, e a cúpula do PMDB que faz parte do núcleo central do governo interino de Michel Temer. As autoridades judiciárias e policiais estão em silêncio, e o barcaça do cinismo corre pelas águas turvas de mares coloniais.

O governo interino de Michel Temer é um governo de negócios. Ponto.

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